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Dados do Sindimed-BA mostram que remanejamento dos médicos de grupo de risco não é fator para situação crítica no sistema de saúde

O Governo do Estado recorreu da decisão Liminar da 5ª Vara da Fazenda Pública que determina a realocação de médicos de grupos de risco de atendimento de pacientes do Covid-19, para atendimento de outras patologias. O Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia, com base em dados referentes aos médicos da Bahia, está solicitando legalmente o indeferimento do pedido de suspensão.

“Os médicos idosos e com comorbidades precisam ter tratamento igual a todos os outros servidores da Bahia. Levantamos os dados referentes ao perfil dos médicos no Conselho Regional de Medicina e temos a prova de que o remanejamento dos profissionais alcançados pela liminar não têm como causar uma situação crítica no sistema de saúde, nem de nenhum outro”, afirma a presidente do sindimed-BA, Dra. Ana Rita de Luna Freire Peixoto.

 A dirigente informa que atualmente dos 22.640 médicos registrados junto ao Conselho Regional de Medicina da Bahia, 16.265 tem entre 25 e 55 anos, o que equivale ao percentual de 71,84%. Os que têm menos de 65 anos somam 84,15% dos inscritos. Em 2017, 80,3% dos médicos inscritos no Cremeb Bahia tinha menos de 60 anos. “Os números indicam que há médicos com menos de 60 anos em quantidade significativa, que poderão estar na linha de frente do atendimento a pacientes com suspeita ou diagnóstico da covid-19”, afirma Dra. Ana Rita de Luna.

Ela acrescenta também que, hoje em dia, é diminuta a participação de médicos estatutários e em Reda na prestação de serviços de saúde feita pelo Governo do Estado. Há mais de 10 anos, não é realizado concurso, vários se aposentaram ou faleceram e houve ainda uma progressiva contratação de pessoas jurídicas. Além das que têm médicos como sócios, o Governo do Estado também  contrata entidades sem fins lucrativos para parceria público-privada e de gestão de hospitais e Serviços de Saúde.

“Portanto, não há lógica em afirmar que com o remanejamento dos médicos alcançados pela liminar concedida haveria um colapso no sistema. O quantitativo de médicos atuando na Bahia é suficiente para permitir que os que estão no grupo de risco não sejam obrigados a atender pacientes com suspeita ou diagnóstico de covid-19 durante a pandemia”, afirma a presidente do Sindimed.

 Dra. Ana Rita de Luna acrescenta ainda que o Estado dispõe de diversos meios legais para contratar número adicional de médicos, que se faça necessário face à pandemia. Ela lembra que, no mundo inteiro, os profissionais da área de saúde são os mais atingidos pela infecção do coronavírus, pois estão expostos a grande carga viral. Na Itália, são 8,3% do total de atingidos e na Espanha 8,76%. No Brasil, a estimativa do Ministério da Saúde é de que até 15% dos trabalhadores da área de saúde poderão ser infectados.

Na Bahia, o problema dos profissionais de saúde pertencentes ao grupo de risco, incluindo os médicos, segundo a dirigente, é triplo: “não há o fornecimento de equipamentos de proteção individual em quantidade suficiente para todos e não há testes que confirmem se o paciente está ou não contaminado. Por suas características, se forem contaminados, esses profissionais correm maior risco de desenvolver um quadro clínico grave, podendo vir a óbito”.

 A presidente do Sindimed lamenta afirmações recentes do governador. “Além de disseminar informações inverídicas sobre os pedidos formulados pelo Sindicato dos Médicos da Bahia, ele tratou os profissionais de saúde de maneira indigna, como se fossem preguiçosos, o que não é verdade. Todos estão fazendo sacrifícios para o bem comum e jamais pretenderam que a sociedade os pagasse para ‘ficar em casa o ano inteiro’ conforme disse o governador”, afirmou.

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