13 a 18/09: Mostra de Cinemas Africanos acontece em Salvador com presença de convidados da África
Festival exibe 15 longas de 9 países, com destaque para o cinema do Senegal e vários títulos inéditos no Brasil, além de convidados do continente africano e atividades paralelas
A Mostra de Cinemas Africanos (@mostradecinemasafricanos) retorna a Salvador (BA), cidade onde o festival nasceu, com programação no Cine Glauber Rocha e na Saladearte Cinema do Museu, entre 13 e 18 de setembro. Neste ano, o evento reúne 15 longas de 9 países, com destaque para o cinema do Senegal e vários títulos inéditos no Brasil, além da presença de convidados do continente africano em debates, masterclasses e bate-papos. Os ingressos custam R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia). O festival, que já conta com 13 edições, tem circulado por diversas cidades e estados brasileiros, contabilizando mais de 180 filmes exibidos de cerca de 30 países africanos. A programação completa e mais informações podem ser consultadas no site mostradecinemasafricanos.com.
Entre as atrações deste ano está o drama fantástico “MAMI WATA” (2023), do nigeriano C.J. Obasi, inédito no Brasil. O longa nigeriano em preto e branco ganhou o prêmio de melhor direção de fotografia, assinada pela brasileira Lílis Soares, no Festival de Sundance (EUA). A trama é baseada em um mito do oeste africano. Quando um acontecimento trágico perturba a paz de uma comunidade, duas irmãs lutam para salvar sua aldeia e restaurar a glória de Mami Wata, deusa das águas. Diretor e fotógrafa estarão presentes na programação em Salvador.
Outro ponto alto desta edição é o encontro de duas gerações de grandes realizadores do Senegal: o jovem Alassane Diago e o veterano Moussa Sène Absa, que vem ao festival com o apoio da Embaixada da França no Brasil. Serão exibidas retrospectivas do trabalho de ambos. A abertura do festival acontece dia 13 de setembro no Cine Glauber Rocha, com “Xalé – As Feridas da Infância” (2022), de Moussa Sène Absa, que fala sobre relações familiares e tradição. O filme integra a trilogia “Destinos das Mulheres”, produzida pelo cineasta senegalês, que conta ainda com os longas Madame Brouette” (2002), onde uma senegalesa luta para manter sua independência, e o drama “Tableau Ferraille” (1997), sobre duas mulheres que se relacionam com um político em ascensão que deseja filhos.
Também serão projetados três filmes sobre migração e conflitos familiares do documentarista senegalês Alassane Diago. “As Lágrimas da Emigração” (2010), que conta a história de sua mãe que espera o marido há 20 anos. Quase dez anos depois, Diago decide ir ao Gabão para confrontar o pai, no longa “Conhecendo meu Pai” (2018). Também será apresentado seu trabalho mais recente, “O Rio não é uma Fronteira” (2022), onde testemunhas relembram os massacres de 1989 na fronteira entre a Mauritânia e o Senegal. Todos os títulos são inéditos no Brasil.
MAIS FILMES EM EXIBIÇÃO
Outros destaques são “A Ovelha de Sada” (2023), de Pape Bouname Lopy, que trata de um tema delicado no Senegal, o Tabaski, celebração religiosa do Islã que envolve o sacrifício de ovelhas. Em “Maputo Nakuzandza” (2022), da brasileira Ariadine Zampaulo, uma rádio de Moçambique anuncia o desaparecimento de uma noiva enquanto a vida ao redor parece transcorrer sem sobressaltos.
No drama feminista “Sira” (2023), de Apolline Traoré, uma jovem nômade se posiciona contra o terror islâmico após um ataque brutal na região do Sahel. Já o documentário “Nós” (2021), de Alice Diop, investiga de forma íntima as noções de pertencimento de pessoas africanas que vivem em Paris. Vencedor de melhor filme do Fespaco 2021, “A esposa do coveiro” (2021), de Khadar Ayderus Ahmed, mostra o drama familiar de uma mulher que precisa fazer um transplante mas não tem recursos financeiros.
A programação conta ainda com o longa angolano “Nossa Senhora da Loja do Chinês” (2022), de Ery Claver, e o documentário “Nós, Estudantes!”, de Rafiki Fariala, produção da República Centro Africana. Já o longa tunisino “Sob as Figueiras” (2021), de Erige Sehiri, entra na programação em parceria com o cineclube Cine África, que acontece mensalmente na Saladearte Cinema da UFBA.
A curadoria de longas é assinada pela pesquisadora e produtora cultural Ana Camila Esteves e pelo cineasta e crítico nigeriano Dika Ofoma. “Na nossa seleção deste ano, não conseguimos trazer todos os filmes que gostaríamos, o que por um lado nos trouxe frustração, mas por outro nos deu a oportunidade de pensar em outros critérios que não levassem em conta somente as seleções dos grandes festivais”, observa Ana Camila. “Neste sentido, ficamos felizes de manter a nossa linha curatorial que privilegia títulos que muitas vezes não chegam no Brasil nem nos festivais do final do ano, muito menos nos circuitos comerciais”, conclui.
CONVIDADOS E ATIVIDADES PARALELAS
Com o apoio do Sesc São Paulo e da Embaixada da França no Brasil, a mostra traz este ano três convidados internacionais. Os cineastas africanos Alassane Diago e Moussa Sène Absa, do Senegal, e C.J. ‘Fiery‘ Obasi, da Nigéria, acompanhado da fotógrafa brasileira Lílis Soares. Dentro das atividades paralelas serão realizados momentos de bate-papo dos cineastas com o público, logo após a exibição de seus filmes. Também integra a programação uma masterclass com o cineasta Alassane Diago sobre “Documentário em primeira pessoa” e uma mesa que abordará o tema “Parcerias entre Brasil e África no cinema”, com a participação de C.J. Obasi, Everlane Moraes, Ana do Carmo e Dayane Sena, e em parceria com o Projeto Paradiso Multiplica.
A Mostra de Cinemas Africanos é idealizada por Ana Camila Esteves e acontece desde 2018 em formato presencial e online. O recorte curatorial é voltado para filmes de curta e longa-metragem contemporâneos realizados por pessoas africanas na África e na diáspora. Além da programação de filmes, o evento realiza cursos, encontros, debates e a publicação de catálogo com artigos científicos, ensaios e entrevistas, disponíveis no site oficial do festival. O evento também é responsável pelo lançamento de seis publicações.
A Mostra de Cinemas Africanos 2023 edição Salvador tem realização da Ana Camila Comunicação & Cultura, com apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia por meio da Fundação Cultural do Estado, Diretoria de Audiovisual-DIMAS, da Prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, da Embaixada da França no Brasil, do Sesc São Paulo e do Projeto Paradiso Multiplica.
Serviço:
Mostra de Cinemas Africanos em setembro 2023
Salvador (BA):
13 a 15 de setembro: Cine Glauber Rocha
14 a 18 de setembro: Saladearte Cinema do Museu
Ingressos: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia)
Filmes: 17 sessões, 15 longas e 9 países
Cineastas africanos convidados: Moussa Sène Absa (Senegal), Alassane Diago (Senegal) e C.J. “Fiery” Obasi (Nigéria);
Atividades Paralelas: Entrada franca
Programação: mostradecinemasafricanos.com
Longas:
“A esposa do coveiro” (La Femme du Fossoyeur, Somália: 2021), dir.: Khadar Ayderus Ahmed
“A ovelha de Sada” (“Le mouton de Sada”, Senegal, Burkina Faso: 2023), dir.: Pape Bouname Lopy;
“As Lágrimas da Emigração” (“Les larmes de l’émigration”, Senegal, França: 2010), dir.: Alassane Diago;
“Conhecendo meu Pai” (“Rencontrer mon père”, Gabão, Senegal, França: 2018), dir.: Alassane Diago
“Madame Brouette” (“Madame Brouette”, Senegal, França: 2002), dir.:Moussa Sène Absa
“MAMI WATA” (Nigéria: 2023), dir.: C.J. ‘Fiery’ Obasi;
“Maputo Nakuzandza” (Brasil, Moçambique: 2021), dir.: Ariadine Zampaulo
“No Cemitério do Cinema” (“Au Cimetière de la Pellicule”, França, Senegal, Guiné, Arábia Saudita: 2023), dir.: Thierno Souleymane Diallo
“Nós” (“Nous”, França: 2021), dir.: Alice Diop
“Nós, Estudantes!” (Nous, Étudiants!, República Centro-Africana, França, República Democrática do Congo, Arábia Saudita, 2022), dir. Rafiki Fariala
“Nossa Senhora da Loja do Chinês” (“Nossa Senhora da Loja do Chinês”: 2022), dir.: Ery Claver
“O Rio não é uma Fronteira” (“Maayo wonaa keerol”, França, Senegal, Alemanha:2022), dir.:Alassane Diago
“Sira” (Burkina Faso, França, Senegal, Alemanha: 2023), dir.: Apolline Traoré
“Sob as Figueiras” (“Under the Fig Trees”, Tunísia, Suíça, França, Catar, Alemanha: 2021), de Erige Sehiri,
“Tableau Ferraille” (“Senegal, França: 1997), dir.: Moussa Sène Absa
“Xalé – As Feridas da Infância” (“Xalé – Les blessures de l’enfance”, Senegal, Costa do Marfim: 2022), dir.: Moussa Sène Absa
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