77% dos professores acreditam que não são valorizados pela sociedade, mas maioria sente orgulho da profissão
No mês em que se celebra o Dia do Professor, o Instituto Península – organização social que acredita no professor como principal agente de transformação da Educação brasileira – lança a pesquisa inédita “Valorização da carreira docente: um olhar dos professores”. Com o objetivo de ouvir os educadores para saber como está o seu nível de satisfação e compreender como se sentem em relação à profissão, o estudo ouviu mais de 1,1 mil educadores de todas as regiões do país entre 17/09 e 05/10.
Os dados revelam que quase todos os respondentes (97%) reconhecem que exercem um papel importante para a transformação social do país e na vida dos alunos, e 9 em cada 10 afirmam que sentem orgulho em falar que são professores. Além disso, a maioria se sente motivada (68%), realizada profissionalmente (69%) e respeitada pelos colegas de profissão (80%).
Ainda que se sintam motivados e orgulhosos de seu ofício, 77% dos professores acreditam que sua profissão não é valorizada no Brasil e 74% afirmam que não são respeitados pela sociedade em geral. Apesar disso, a maioria não se arrepende de ter escolhido a profissão docente (66%) e a recomenda como carreira para seus alunos (66%). Na visão dos professores, para se sentirem mais valorizados, é necessário a melhoria da carreira (99%) e das condições de trabalho (99%). Ainda que 82% entendam que não ganham de acordo com a complexidade da profissão, a remuneração não é vista como um aspecto principal para que se sintam valorizados.
Com base nas respostas recebidas na pesquisa, o Instituto Península calculou a média de satisfação com a profissão docente no Brasil. Pouco menos da metade (47%) dos professores estão satisfeitos com a profissão – e é interessante notar que, quando se divide os respondentes por rede de ensino, as melhores notas de satisfação foram apontadas por professores da rede municipal (6,2), seguidos pela rede privada (5,8) e, por fim, a rede estadual (5,3). E quando se divide os respondentes por níveis de ensino, as melhores notas foram dadas por professores da Educação Infantil (6,5), seguidos dos anos iniciais do Ensino Fundamental (6,0), anos finais do Ensino Fundamental (5,8) e, por fim, Ensino Médio (5,7). A pesquisa chegou a um Net Promoter Score (NPS) de -29,8. Considerando uma régua de satisfação que vai de -100 a + 100, isso significa que o NPS da carreira docente no Brasil está numa “zona crítica”.
“Essa pesquisa ajuda a evidenciar aspectos interessantes que fogem do senso comum quando se pensa na profissão docente, como a questão da remuneração e do orgulho. Só conseguiremos verdadeiramente melhorar a Educação no nosso país se ouvirmos sistematicamente e darmos voz a quem está na linha de frente, os educadores, propondo soluções baseadas em evidências e acolhendo o que eles precisam”, afirma Heloisa Morel, Diretora Executiva do Instituto Península.
Para celebrar o Dia dos Professores e chamar a atenção da sociedade para a importância da valorização dos educadores brasileiros, o Instituto Península realiza, em parceria com a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, a exposição “Educação à Flor da Pele”. Os passageiros podem conferir a mostra gratuitamente a partir do dia 15/10 (sexta-feira) na plataforma da estação Santa Cecília, da linha 3-Vermelha do Metrô.
A exposição apresenta cinco professores, um de cada região do país, em fotografias inéditas, nas quais cada um deles teve uma palavra “tatuada” com tinta removível no próprio corpo, representando as palavras que os educadores de todo o país mais desejam para a profissão, segundo a mesma pesquisa: valorização, reconhecimento, respeito, amor e carreira.
“Queremos sensibilizar as pessoas para o papel fundamental que o professor exerce na sociedade. Eles são o pilar que sustenta a Educação ao entrarem todos os dias nas milhares de salas de aula do país para garantir uma aprendizagem de qualidade para nossas crianças e jovens. Precisamos entender que valorizar o professor é multiplicar o futuro”, finaliza Heloisa Morel.
A pesquisa completa está disponível para download gratuito no site do Instituto Península: www.institutopeninsula.org.br