Abordagem Social já atendeu 40 pessoas em situação de rua em 2021
As ruas do Centro Histórico de Salvador são alvo constante da ação promovida por uma equipe do Serviço Especializado de Abordagem Social (Seas), da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre). A iniciativa tem como objetivo dar continuidade ao programa e identificar, nas vias públicas, a incidência de pessoas em situação de rua, de todas as faixas etárias.
Diariamente, as atividades são desenvolvidas por nove técnicos (assistentes sociais e psicólogos) e 34 educadores divididos em dois plantões. O serviço é desenvolvido de forma continua e programada, retirando os indivíduos que desejem sair das ruas, bem como crianças e/ou adolescentes em situação de trabalho infantil, exploração sexual, dentre outras violações de direitos.
A prática garante atenção às necessidades imediatas das pessoas atendidas, com inclusão delas na rede de serviços socioassistenciais e nas demais políticas públicas, na perspectiva da garantia de direitos. Além das ações cotidianas de monitoramento, o Seas também atende demandas de órgãos e programas de proteção à pessoa em situação de rua e vulnerabilidade social, bem como da sociedade civil.
Juarez Nunes, 37 anos, viveu em situação de rua por 25 anos e foi beneficiado pelo serviço recentemente. “Eu não sabia ler e nem escrever. Com o programa, acabei conseguindo essa oportunidade. Fui acolhido pelo órgão com a Moradia Acolhida e, atualmente, recebo o auxílio aluguel. É tudo bastante organizado e bastante explicado para todos que foram e são beneficiados pela Abordagem Social”, conta.
Para a assistente social Ana Silva, o programa facilita a vida do usuário, com intuito de tirá-los da rua e motivá-los a ter uma qualidade de vida melhor. “Acredito que esse serviço é essencial para a vida dessas pessoas. Na maioria das vezes, conhecemos alguém que não tem nenhuma perspectiva de vida. A partir do momento em que ofertamos os nossos serviços e mostramos que ele pode ser visível para a sociedade, e que pode e consegue criar um projeto de vida, é nesse momento que conseguimos resgatá-los e tirá-los da rua”, explica.
Cenário – De janeiro a dezembro de 2020, cerca de 2,7 mil pessoas passaram pela Abordagem Social, sendo direcionadas para unidades ou acompanhadas pelo órgão. Só na primeira semana deste mês de janeiro, mais de 40 pessoas foram atendidas pelo serviço.
O novo secretário da Sempre, Kiki Bispo, ressalta que a pandemia de Covid-19 gerou uma crise que agravou as questões sociais, em decorrência de fluxos migratórios e também de questões de cunho socioeconômico. Com isso, identificou-se um aumento significativo na quantidade de pessoas em situação de rua na cidade.
“Teve muita gente que acabou perdendo o emprego e que migrou para a capital baiana em busca de oportunidade, além de pessoas que dependiam de idosos que faleceram e ficaram em vulnerabilidade social”, pontua.
Programa – O Serviço Especializado em Abordagem Social foi instituído através da Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, aprovada no ano de 2009. Atualmente é ofertado no município de Salvador em conformidade com a legislação vigente, com registro, através de sistema próprio alimentado desde 2016, de 7.862 cadastros realizados até a presente data.
A ação é realizada diariamente, das 7h às 19h, incluindo sábados, domingos e feriados. Os monitoramentos acontecem nos territórios da Barra, Pelourinho (Centro Histórico), Comércio e viadutos soteropolitanos, considerados áreas complexas devido à incidência na identificação de pessoas em situação de rua.
Além disso, para intensificar as ações assistenciais, a população também pode solicitar a presença dos agentes da Sempre em locais que concentram pessoas em situações de risco, através do 156 ou pelo telefone (71) 3254-2690.
Após identificar as necessidades imediatas do indivíduo, o Seas busca promover o acesso aos serviços socioassistenciais e demais políticas públicas através da documentação civil, segurança acolhida através de encaminhamento para acolhimento institucional, aos Centros de Referência (Cras) e Especializados em Assistência Social (Creas) e Conselhos Tutelares, dentre outros, atuando sempre na perspectiva da garantia de direitos.
Foto: Bruno Concha/Secom