Verão é mais favorável à ocorrência de infecções gastrointestinais
É preciso cuidado com bebidas e o armazenamento de alimentos ingeridos nos dias quentes
O aumento da temperatura no Verão não modifica apenas o comportamento das pessoas. O calor é favorável também à proliferação das bactérias presentes nos alimentos e faz com que “estraguem” mais facilmente. Alguns vírus também encontram facilidade para se disseminar em temperaturas mais elevadas. Resultado: a chance de nos contaminarmos com bactérias ou vírus é bem maior. A consequência é imediata: vômitos e diarreia.
“A transmissão desses agentes acontece através de água e alimentos contaminados. Então, no Verão esses alimentos são acondicionados de maneira inadequada e, às vezes, expostos muito tempo ao calor, fazendo com que exista uma proliferação desses agentes de uma maneira mais rápida”, explica o coordenador do Serviço de Gastroenterologia do Hospital Cárdio Pulmonar, Allan Rêgo.
Segundo dados do Relatório de Surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos no Brasil (2016), no período de 2007 a 2016, 118.104 brasileiros foram acometidos por Doença Transmitida por Alimento (DTA). Desses casos, 14,5% foram hospitalizados e 0,09% vieram a óbito.
As viroses gastrointestinais e as intoxicações alimentares podem provocar náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, mal-estar, fraqueza, dores pelo corpo e dor de cabeça. Além desses sintomas, podem causar desidratação e aumentar o risco para infecções bacterianas secundárias.
Crianças e idosos
Como explica o gastroenterologista, em crianças e idosos, essas complicações podem ser fatais. Desta forma, manter uma boa hidratação impede que se chegue à um quadro mais grave.
“Os vírus, em especial, são os que predominam entre os agentes etiológicos das infecções gastrointestinais e os mais comuns são os rotavírus e o norovírus. São vírus que desenvolvem algumas manifestações como náuseas, vômitos, dor abdominal, febre e diarreia”, pontua Allan Rêgo.
Na maioria das vezes, as infecções gastrointestinais não necessitam de um tratamento específico porque como a maioria é de origem viral, há uma curva de infecção autolimitada. “Orientamos hidratação, analgésico se houver dor, remédio para a náusea, repouso e alimentação balanceada”, pontua o médico.
O quadro muda, de acordo com Rêgo, se a infecção for bacteriana. “Aí além dessas medidas mais gerais, pode haver necessidade do uso de antibiótico”, alerta.
Especialista
Em todos os casos, contudo, o médico pede que o paciente procure um gastroenterologista, pois não é possível identificar sozinho a causa da infecção. “A automedicação não deve acontecer porque para o leigo é difícil definir se é infecção bacteriana ou viral e se necessita de remédio, especialmente, de antibióticos”, destaca.
A orientação durante esse período é que evite alimentos lácteos que podem prolongar o tempo de diarreia, alimentos gordurosos, que pioram o quadro diarreico e que se aumente o consumo de alimentos mais constipantes e da hidratação.