“Mais uma oportunidade que temos para refletirmos sobre o racismo nosso de cada dia”, diz Ireuda sobre o 13 de maio
Em novo artigo publicado em sua coluna mensal no “Nexo Jornal”, a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), questiona até que ponto a realidade dos negros no Brasil mudou desde a assinatura da Lei Áurea, em 1888. A republicana aponta que ainda existe uma desigualdade colossal como resultado do racismo estrutural.
“Em 13 de maio de 1888, a então princesa Isabel assinou a Lei Áurea e formalizou a extinção da escravidão no Brasil. Porém, a liberdade prometida praticamente limitou-se apenas ao papel: a maioria dos negros e negras permaneceram escravos, de forma ilegal, nos mais diversos recantos do país, enquanto outro expressivo contingente foi relegado à marginalidade, sem amparo do Estado e sem condições de prosseguir com uma vida minimamente digna. Apesar disso, o mês de maio é mais uma oportunidade que temos para refletirmos sobre o racismo nosso de cada dia e nos perguntarmos onde de fato está a liberdade e a justiça que tanto almejamos”, diz.
“É salutar reconhecer que há motivação racial por trás de uma série de tragédias que se repetem diuturnamente em nosso país. Uma delas é o extermínio de jovens negros e pobres. De acordo com pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dos 650 mortos pela Polícia Militar da Bahia em 2019, 97% eram negros. ‘Vidas negras importam’ foi uma das frases mais compartilhadas nos últimos meses, e a resposta está em números como esses, que revelam a face mais hedionda e sanguinária do racismo”, prossegue ela no texto.
Ainda no artigo, Ireuda diz que a hipocrisia e a negação do racismo prejudicam a luta contra ele. “Quase todo mundo acha que o preconceito está no outro, mas quase nunca em si. Adepta ao discurso de que ‘todo mundo é igual’, a maioria de nós tem sido madura o suficiente para admitir que o racismo é perverso, mas não madura o bastante para se achar capaz de cometer perversidades. E o maior problema da negação do racismo em si próprio é que isso se torna um entrave na luta contra ele”, pontua.