Cuidando das Rosas promoverá ações de proteção para mulheres vítimas de violência
Um projeto-piloto que reúne autodefesa, empoderamento feminino, prevenção, acompanhamento psicossocial e desenvolvimento da autoconfiança foi lançado, nesta quinta-feira (25), pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre), em parceria com o Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU de Valéria). O Cuidando das Rosas pretende viabilizar ações de proteção para mulheres vítimas de violência, assistidas pelos 28 Centros de Referência de Assistência Social (Cras) de Salvador, conforme assegurou o secretário Ação Social e Combate à Pobreza, Kiki Bispo, presente à cerimônia.
A ação inicial será realizada com 25 assistidas pelo Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Lagoa da Paixão, situado próximo ao CEU de Valéria. Por meio do projeto, as mulheres vão conhecer técnicas de defesa pessoal, além de aprofundar seus conhecimentos em temáticas como empoderamento feminino e autoestima, aprendendo como identificar situações de risco e o estágio de cada uma delas.
Serão 20h de conteúdo no total, distribuídos em quatro encontros a serem realizados sempre às terças e quintas, às 9h. A certificação da turma será realizada no dia 20 de dezembro, às 9h, como parte da programação especial de aniversário de três anos de funcionamento do Ceu de Valéria, situado na Rua B, Caminho 13 s/n, Nova Brasília de Valéria.
O lançamento do projeto ocorre na data em que é celebrado o Dia Internacional de Combate a Violência Contra a Mulher. O secretário da Sempre, Kiki Bispo, ponderou que o número de agressões ao público feminino tem crescido bastante ultimamente, sendo necessárias mais ações articuladas e protetivas no combate ao problema.
“É dessa forma que o poder público pode fortalecer as próprias políticas transversais para que, de fato, possa melhorar a vida das mulheres. Com o Cuidando das Rosas, o que parece simples pode ajudar a diminuir as estatísticas na capital baiana”, ressaltou.
O coordenador do CEU de Valéria e idealizador do programa, Délio Lima, que é professor de jiu jitsu, explicou que a defesa pessoal envolve técnicas simples e que ninguém precisa ser atleta para aprender a se defender. “O projeto busca ensinar as mulheres para que, em um momento em que estejam sozinhas com o agressor, consigam proteger suas vidas e controlar a situação. É um projeto que vem para salvar vidas”, pontuou.
Apoio – Inspiradora do projeto, Ana Carolina Santos é professora de balé do CEU das Artes e abriu seu coração. “Eu fui agredida pelo meu ex-companheiro, pai da minha filha, uma situação que eu não esperava. A partir daí, precisei comunicar ao trabalho a minha ausência e dizer o motivo e a partir da minha dor, pessoas sensíveis que aqui existem tiveram a ideia do projeto e muito me ajudaram”, contou.
O nome do projeto faz associação às mulheres que sofrem qualquer tipo de agressão, seja verbal, psicológica e física, e que precisam ser cuidadas, como as rosas. “Trata-se de um projeto muito lindo e dar voz a essas mulheres é importante. E digo a todas: não deixem de denunciar”, desabafou a professora, que possui medida protetiva.
Para a diretora de proteção social básica, Emanuele Rodovalho, durante a pandemia, foi percebida uma demanda maior nos CRAS. “Seja ela espontânea ou detectadas pelos técnicos, onde foi percebido que existiam questões de violência e nos colocamos de portas abertas sempre para acolher, orientar e articular rede de proteção. Temos ainda a parceria com o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), em que trabalhamos em conjunto e sempre estaremos dando todo o apoio para que essas mulheres se fortaleçam e encontrem novas perspectivas de vidas, bem como temos outras parcerias, a exemplo do Banco Mundial, de forma a fortalecer a igualdade de gênero do sexo feminino e estaremos sucessivamente buscando mais”, concluiu.
Apoio institucional – Em Salvador, as mulheres vítimas de violência podem contar com apoio psicossocial e jurídico em três centros de referência à mulher. Em casos que a vítima não tenha para onde ir após a denúncia, ela é acolhida no Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce (Camsid), que funciona 24h na Ribeira. O telefone é o (71) 3611-6581.
De segunda a sexta-feira, as mulheres podem recorrer ao Centro de Referência de Atendimento à Mulher em situação de Violência Loreta Valadares (CRAMLV), nos Barris, através do telefone (71) 3235-4268 para agendar um atendimento presencial. Caso prefira, o teleatendimento através do telefone (71) 99701-4675.
Outra opção é o Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher Arlette Magalhães (Cream), em Fazenda Grande II, que pode ser acionado através do (71) 3611-5305, para agendar um atendimento presencial, ou pelo telefone (71) 98791-7817, para teleatendimento.
Fotos: Vitor Santos/Sempre