A evolução de investimentos do setor de educação científica no país
*Por Ana Calçado
O atual cenário da educação científica no Brasil é dinâmico e passa por transformações significativas, como a integração entre academia e empresas, expansão de programas de bolsas e financiamento, envolvimento de entidades sem fins lucrativos, aumento de startups educacionais, entre outros fatores que fomentam esse aumento na busca por inovação a partir da ciência.
No que diz respeito ao investimento em educação científica, infelizmente, se comparado a outros países, o valor investido pelo Brasil é bem baixo, o que torna a infraestrutura para desenvolvimento científico um grande desafio. Porém, apesar disso, acredito que estamos seguindo uma evolução, dado que o Governo Federal anunciou em 2023 um investimento de R$45 bilhões para educação, ciência e tecnologia, sendo R$10,2 bilhões destinados à pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico.
Além do investimento público, o apoio e incentivo à educação científica vêm de outras formas, como por meio de empresas privadas, desde a concessão de bolsas de pesquisa até investimentos em infraestrutura. Podemos observar também o crescimento de startups de base científica e tecnológica, e os aportes voltados a elas, pois entende-se que elas têm um papel muito importante na transformação de descobertas científicas em soluções para a população.
Organizações sem fins lucrativos também têm participação importante no desenvolvimento científico do país. Muitas delas oferecem suporte financeiro e estratégico para iniciativas da área, por meio de bolsas, programas de capacitação e outras formas de contribuição. Um de nossos papéis é, além de viabilizar a inovação de base científica e mobilizar esse ecossistema, conectar as deep techs de impacto a investidores, estimulando o desenvolvimento científico e tecnológico.
Ao meu ver, acredito que o caminho a ser percorrido em termos de investimento em educação científica no Brasil é muito longo, porém rico de oportunidades. O crescente apoio de diferentes setores para um bem maior têm refletido o reconhecimento da importância da ciência e inovação para o crescimento do país e sinalizam um compromisso com o desenvolvimento, inovação e o fortalecimento da comunidade científica.
Vale a pena ficarmos de olho no que as deep techs têm a nos oferecer em 2024. O cenário é promissor e estamos ansiosos para acompanhar a evolução desse segmento em constante evolução.
*Ana Calçado é CEO e presidente da Wylinka, organização sem fins lucrativos que transforma o conhecimento científico em soluções e negócios que melhoram o dia a dia das pessoas e fomentam o desenvolvimento econômico, social e sustentável do Brasil. Pós graduada em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral, com estudos de pós graduação em Inovação pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT – professional education), mestre em Ciências de Alimentos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e graduada em Bioquímica pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Ana também é doutoranda pela USP em Administração e pesquisadora em Inovação e Gestão Tecnológica.