A extinção de carreiras na Saúde?
Primeiro hospital do mundo operado por Inteligência Artificial funcionará a partir do segundo semestre na China.
A Inteligência Artificial (IA) está se tornando cada vez mais frequente nas nossas vidas, em áreas distintas, inclusive na área da saúde. Nesse âmbito, elas são utilizadas de diferentes formas, seja realizando cirurgias, atendendo pacientes ou simplesmente podem estar integradas aos softwares médicos que são usados em hospitais e clínicas.
Um grande exemplo disso é o que está previsto para ocorrer na China. O país está em preparação para inaugurar no segundo semestre deste ano, o primeiro hospital do mundo com Inteligência Artificial, nomeado de “Agent Hospital”. Segundo os pesquisadores da Universidade Tsinghua, em Pequim, que desenvolveram o projeto, ele possui o benefício de atender um grande número de pacientes, em um curto período, o que é considerado por eles uma “revolução” na área da saúde.
No entanto, vemos que a inserção excessiva da tecnologia tem um enorme potencial de reduzir o contato humano e a empatia no cuidado médico, podendo impactar na interação médico-paciente e potencializar uma assistência desumanizada.
Os avanços na saúde, em especial na medicina, têm se tornado cada vez mais eficazes com a evolução tecnológica, porém, a preocupação principal é sobre a substituição dos profissionais da área da saúde por robôs, que pode no futuro ocasionar a extinção de algumas categorias.
No mundo, diversas profissões estão sendo substituídas de forma gradual por Inteligência Artificial, como operadores de telemarketing e caixas de supermercado, causando o descarte dos trabalhadores e trabalhadoras. O mesmo pode acontecer na área da saúde, com a exclusão dos profissionais e, dessa maneira, trazer impactos no cuidado aos pacientes, diminuindo a humanização dos atendimentos e afetando o acolhimento, que é uma das premissas básicas para a atenção à saúde.
Além do mais, esses sistemas baseados em inteligência artificial podem enfrentar falhas técnicas. Isso poderia resultar em erros de diagnóstico, prescrição incorreta de tratamentos ou outras decisões médicas prejudiciais. Deve-se também considerar a possibilidade de prescrição de tratamentos inadequados, podendo recomendar tratamentos com base em dados incorretos ou incompletos, resultando em prescrições de medicamentos inadequados; falhas na interpretação de exames de imagens médicas como radiografias, tomografias e ressonâncias magnéticas.
Além disso, se questões como se os dados usados para treinar os algoritmos de IA forem enviesados (por exemplo, devido a disparidades raciais ou socioeconômicas nos dados), a IA pode reproduzir esses preconceitos, influenciando as decisões médicas de maneira injusta.
Por isso, é importante reconhecer que a IA não deve substituir completamente a experiência clínica, a avaliação clínica-diagnóstica humana e nem a interação dos profissionais de saúde com os pacientes, viabilizando um relacionamento empático, característico dos seres humanos.
Então, a colaboração entre IA e profissionais de saúde deve ser ter um caminho onde a tecnologia complementa, dá suporte e amplia as capacidades humanas ao invés de substituí-las integralmente.
Trabalhadores do mundo uni-vos!
Marcos Gêmeos é militante do SUS e ativista do movimento negro