“A liberdade prometida ainda não chegou”, diz Ireuda Silva nos 135 anos da Lei Áurea
“A liberdade prometida pela Lei Áurea ainda não chegou. Todos os pesquisadores são unânimes ao dizer que a abolição foi meramente formal, fruto de uma pressão da Inglaterra, que tinha interesses comerciais. Foi uma abolição falsa, que ainda não trouxe a liberdade prometida há 135 anos”, avalia Ireuda.
À época, o escritor e diplomata abolicionista Joaquim Nabuco (1849-1910) disse que “a escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil”. Para a vereadora republicana, ele tinha toda a razão. “Até hoje a escravidão nos influencia e define nossa identidade. Diferente de outros países, o Brasil pós-abolição não criou leis para promover e oficializar a segregação, mas continuou profundamente racista, em que a segregação é disfarçada pela hipocrisia”, diz Ireuda.
A republicana destaca ainda que a inserção dos negros no mercado de trabalho e em outros setores, conquistada por mérito da luta contra o racismo, é real, mas a estrutura da sociedade ainda é racista e escravista. “Em certo aspecto, é literalmente escravista. É cada vez maior o número de pessoas resgatadas em condições análogas à escravidão. E isso parte de uma ideia de que o negro é um corpo a ser explorado, de que ele não precisa nem merece ser pago e tratado com dignidade”, pontua.