Artigos científicos comentam a Hermenêutica da Desigualdade de Taurino Araújo
“Este método identifica
desigualdades
e as diminui,
ao ampliar possibilidades
de superação”
Taurino Araújo pensador do agora
Por Mario Nelson Carvalho Economista, AfroEmpreendedor, Consultor Empresarial, Conselheiro Fundador da Universidade Zumbi dos Palmares/AfroBras/SPaulo e Ativista do Movimento Negro mnelsoncarvalho@gmail.com
Tema para doutorado, romance e samba-enredo, o baiano Taurino Araújo não cabe em classificações pequenas, mas somente a partir dos Campos Interdisciplinares: Agenor Sampaio Neto. Entre seus diversificados usos, a sua Hermenêutica da Desigualdade: uma introdução às Ciências Jurídicas e também Sociais, Del Rey, 2019, 222 p., é teoria mundial útil para combater o racismo estrutural e todas as formas de discriminação.
Esta constatação coincide com o belíssimo artigo de Silvio Almeida “Eu escrevo o que quero” para ver a mim e a meus leitores e leitoras “como seres completos em si mesmos”. Folha de São Paulo, 6/8/2020. As nossas conversas sobre “I Write What I Like” de Steve Biko: a “consciência negra” é “uma atitude da mente e um modo de vida” daqueles que não irão tolerar “quaisquer tentativas de diminuir o significado de sua dignidade”… Os meus diálogos com Nelson Mandela que, em 1998, de volta ao Brasil, em Brasília, me disse: “não tenho nada a aprender com a Bahia, o Apartheid é ainda mais enraizado lá”.
Percepções e mudanças de igual quilate se tornam tangíveis com o emprego da Hermenêutica da Desigualdade ao propor a desdiferenciação de sujeitos, processos e de situações com vistas ao grande banquete coletivo e à verdadeira convivência fraterna. Veja-se Evandro Guerra (Atemporalidades em Taurino Araújo), através do que eu denomino “superação de três planos dimensionais de asfixia”: a crucificação de 6.000 soldados revoltosos do escravo Espártaco pelo poderoso Império Romano, na via Ápia; o assassinato de George Floyd, cidadão negro sufocado pela polícia dos Estados Unidos e a Covid19 que, ao impor o isolamento social, arrosta o imperativo de universalizar saneamento básico, saúde pública, auxílio e biossegurança para que toda a humanidade possa respirar livremente, como Taurino pretende com o seu estudo: quem sabe se situar conforme a sua diferença dispõe de mais independência de sentimento, pensamento e ação.
Destarte, ao remeter a situação determinada, recorrente em diversos sistemas de justiça, este método não apenas identifica desigualdades, mas as diminui, ao ampliar possibilidades tanto individuais quanto coletivas de superação. Tal ocorre quando, cientifica e ordenadamente, Taurino se desprende do contingenciamento histórico de como era — e tem sido — a lei dos livros (law in the books), na qual o racismo estrutural e outras formas de discriminação, dissimulados, se inserem.
Considerada por Pedro Lino de Carvalho Jr. “uma epistemologia brasileira”, o alargamento da figura do receptor também protagonista da magistral historiografia de Taurino Araújo supera desvantagens reais e constrói a efetividade da lei em ação, para solucionar, satisfatoriamente, as questões processuais concretas (law in action).
Taurino Araújo e a quarta onda da interpretação.
Por Maria de Fátima Araújo Di Gregorio, Doutora em Família na Sociedade Contemporânea, Mestre em Memória Social, Especialista em Planejamento. Professora Titular da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB/Campus Jequié) e da Universidade do Estado da Bahia (UNEB Campus V), Diretora Acadêmica do IFDG (Instituto Fátima Di Gregorio) para assuntos hermenêuticos f_digregorio@hotmail.com
Um ponto de partida em Rousseau e John Locke — pioneiro em afirmar a preponderância da liberdade de expressão do indivíduo. Desigualdade natural. Força do corpo e do espírito; sabedoria e virtude se encontram tanto na proporção do poder quanto nas (in)capacidades estruturais e emocionais, conforme Husserl, ou na impotência frente ao outro (Ricoeur). Do que se trata, pois, este discurso da desigualdade? Para Taurino Araújo, ela é o único idêntico global por excelência. Para Pedro Lino de Carvalho Jr., é uma epistemologia brasileira, afora a tradicional ideia de verdade absoluta. Em síntese, há em Taurino Araújo, segundo Eduardo Boaventura, uma ultrapassagem da mera descrição, conceituação ou classificação em termos científicos, ao adentrar ele numa dimensão poética, que seria mesmo a única capaz de produzir sentidos tão relevantes e a sua ampla recepção nos auditórios do governo, negócios, direito, educação, saúde e terceiro setor.
Antes de Taurino, as primeiras linhas da antiga interpretação dos cânones, seguida da etapa filosófica para, em sua terceira fase, ênfase nos sentidos e símbolos mais profundos do texto, da arte e de suas manifestações, Taurino Araújo, PhD constrói a quarta onda hermenêutica nos intervalos entre o tão vago conceito de democracia surgido na Grécia e o inovador fundo liberal de seu pensamento: realidade-dogmática-zetética-dogmática para diminuir distâncias entre o ser e o ter e a sua desdiferenciação em processos, blocos, sistemas e situações nos quais a intuição ou “pressentimento” do todo (Jean Grondin, v. Manuela Motta) espetacularmente ocorre sem prejuízo da concepção do particular que, aqui, coincidirá com o próprio desigual, consolidando, pois, a figura do receptor também protagonista.
Ao mergulhar em 19 áreas distintas do conhecimento, dicotomias adentram o campo teleonômico em Taurino Araújo, no qual a linearidade não define a História, mas os avanços, percalços e retrocessos que propõem deveres a serem observados entre o “eu” e os “outros”, quiçá em razão da pragmática da sobrevivência, v.g., nos tempos de pandemia, conforme Evandro Guerra. Por isso, ao inserir a desigualdade entre os conceitos jurídicos fundamentais, disse Suzete Ribeiro, Taurino Araújo reúne na Magnum Opus Hermenêutica da Desigualdade: uma Introdução às Ciências Jurídicas e também Sociais (Del Rey, 2019, 222 p.), poesia, logos e mito ao se tornar guardião de sua eterna potência, daquele mundo melhor, misto de realismo e de esperança, na vastidão do Benemérito da Liberdade e da Justiça Social que é, ao lado de Jorge Amado e, sobretudo, do genial realizador de sonhos no qual se transformou através da estética transdisciplinar de sua obra: “Eu acredito em Milagres! É tarde, mas não é tarde”!
Como, buscar apoio em orientações sobre pequeno negócios? Sim , moro em Itabuna Bahia e tenho interesse.