Bahia deve registrar mais de 6 mil novos casos de câncer de próstata em 2020
Diagnóstico precoce ainda é o maior aliado na cura, que pode chegar a 90%
Num ano em que as campanhas de prevenção perderam força diante da pandemia do novo coronavírus, com a redução no número de exames e consultas nas mais diversas áreas, no Novembro Azul especialistas chamam a atenção para a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata, que eleva as chances de cura para até 90%, e alertam para as previsões Instituto Nacional do Câncer (Inca). Dos 65.840 casos de novos cânceres de próstata previstos para 2020 no Brasil, 6.130 estarão na Bahia, sendo 1.090 em Salvador.
Exceto os tumores de pele não-melanoma, o câncer de próstata ocupa a primeira posição entre os homens no país, causando 28% das mortes por câncer. “Há ainda uma grande barreira a ser vencida para melhorar esses números: a falta de prioridade dada pelos homens aos cuidados com a saúde, além do preconceito”, como diz o oncologista do Grupo AMO, Augusto Mota.
Para doença localizada na próstata, o tratamento pode ser feito com cirurgia e/ou radioterapia. Para doença localmente avançada, radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal também são indicadas. “Vale destacar que a escolha do tratamento é personalizada, levando-se em conta idade, presença de outras doenças associadas (como hipertensão, diabetes, AVC ou doença cardíaca, entre outras), estágio, localização e tamanho do tumor, além dos efeitos colaterais de cada método”, completa o oncologista.
A rotina de exames deve ser iniciada, em geral, aos 50 anos, se o paciente não apresentar histórico familiar. A detecção pode ser feita por exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, em pacientes com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames periódicos em homens sem sinais ou sintomas (rastreamento). “Estudos mostram que a população afrodescendente tem mais chances de ter o câncer precocemente e de desenvolver a forma mais grave, o que faz com que a recomendação de exames de rastreio seja iniciada aos 40 anos”, explica.
O toque retal e o exame de sangue para avaliar a dosagem do PSA (antígeno prostático específico) são as medidas mais usadas para identificar o tumor maligno da próstata, que é confirmado por biópsia, como explica o oncologista Augusto Mota. Também podem ser solicitados exames de imagem, como tomografia computadorizada, ressonância magnética e cintilografia óssea (para checar comprometimento ósseo).
Evolução e fatores de risco
A próstata é uma glândula presente apenas nos homens. Localizada na parte baixa do abdômen, é um órgão pequeno, tem a forma de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto (parte final do intestino grosso). A próstata envolve a porção inicial da uretra e produz parte do sêmen.
Alguns dos tumores da próstata podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. No entanto, a maioria evolui de forma lenta e silenciosa e muitos pacientes não apresentam sintoma. Quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite, sangue na urina ou no sêmen). Na fase avançada da doença os sintomas dependem de qual órgão tenha sido acometido. O sintoma mais comum é dor óssea, já que os ossos são o local mais comum para as metástases do câncer de próstata.
O principal fator de risco para o câncer de próstata é a idade e a incidência aumenta já a partir dos 50 anos. Histórico familiar, fatores genéticos hereditários também aumentam as chances da ocorrência da doença, que tem prevalência (cerca de 75% dos casos) a partir dos 65 anos.
Também estão associados ao câncer de próstata o excesso de gordura corporal e exposição a algumas substâncias, como as a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio), arsênio (usado como conservante de madeira e agrotóxico) e produtos derivados de petróleo.
Novembro Azul
Esse ano, a campanha Novembro Azul do Grupo AMO chama a atenção para o preconceito que ainda ronda a população masculina, que retarda ou até negligencia os cuidados com a saúde.
“Com uma linguagem direta e leve e com um pouco de humor presente no universo masculino, estamos reforçando om alerta de que a detecção precoce é, sem dúvidas, o melhor aliado da cura do câncer”, reforça o oncologista Augusto Mota.
Durante todo o mês de novembro, as fachadas das unidades do grupo AMO permanecem iluminadas com a cor azul, que marca a campanha mundial pela saúde masculina. O movimento surgiu na Austrália, em 2003, aproveitando as comemorações do Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, celebrado no dia 17 de novembro.