Bolsonaro volta a atacar Barroso e Moraes e se compara a ex-presidente da Bolívia presa
O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez novos ataques a ministros do STF e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste sábado (11). Ele também voltou a criticar o sistema eleitoral brasileiro e comparou a investigação dos casos de fake news pelo Supremo ao processo judicial que levou a ex-presidente boliviana Jeanine Añez à prisão.
Em entrevista a jornalistas na saída de uma churrascaria, onde foi ovacionado, ele chamou o ministro Luís Roberto Barroso de “mau-caráter” e “mentiroso”, por dizer que Bolsonaro teria divulgado dados de um inquérito sigiloso que, para Bolsonaro, não tinha esta restrição.
Já o ministro Alexandre de Moraes foi atacado pela atuação no inquérito sobre fake news, aberto pelo próprio Supremo, e por sua atuação no processo contra o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado por incitar violência contra o STF e que recebeu indulto de Bolsonaro.
“Eu dei um indulto para este parlamentar e ele [Moraes] continua perseguindo, multando ele, agora bloqueando o celular da esposa dele, que é a advogada que o defende. O TSE lá do senhor Alexandre de Moraes desmonetiza páginas, derruba páginas. Isso não é democracia, é censura.”, acusou.
“Isso nunca ocorreu no Brasil. Uma pessoa apenas decide. Ele faz um inquérito, onde não tem a participação do Ministério Público, e investiga por fake news. Eu não quero baixar o nível na entrevista, mas o que esse cara tem na cabeça? O que é que ele está ganhando com isso? Quais são seus interesses? Ele está ligado a quem? Ou é um psicopata? Ele tem um problema”, acusou.
Bolsonaro comparou as ações de Moraes com a prisão de Jeanine Añez, ex-presidente da Bolívia condenada por tramar um golpe de Estado, em 2019. “A turma dela perdeu [as eleições], voltou a turma do Evo Morales. O que aconteceu um ano atrás? Ela foi presa preventivamente. E agora foi confirmado dez anos de cadeia para ela. Qual a acusação? Atos antidemocráticos. Alguém faz alguma correlação com Alexandre de Moraes e os inquéritos por atos antidemocráticos? Ou seja, é uma ameaça para mim quando deixar o governo?”, questionou.
O presidente também atacou Lula, a quem acusou de ser corrupto. Ele questionou as pesquisas eleitorais que mostram o petista à frente na disputa, e voltou a falar em risco de fraudes caso os militares não possam participar de modo mais ativo da apuração dos votos. Também atacou o TSE por ter rejeitado ofício enviado pelo Ministério da Defesa com questionamentos ao sistema eleitoral.
As declarações de Bolsonaro vieram dois dias depois de seu primeiro encontro com o presidente Joe Biden. Em Los Angeles, ele disse que pretende terminar seu governo de modo democrático e pediu eleições limpas, confiáveis e auditáveis. “Cheguei [ao poder] pela democracia e tenho certeza de que quando deixar o governo também será de forma democrática”, disse, ao lado do líder americano.
Antes de dar as declarações, Bolsonaro fez uma motociata com apoiadores em Orlando, que reuniu mais de 300 motos na cidade da Flórida. O presidente embarcaria de volta ao Brasil na tarde deste sábado.
Rafael Balago/Folhapress
Foto: Divulgação