DIA DO HOMEM: Endocrinologista alerta sobre o uso inadequado de anabolizantes durante a pandemia
Comemorado nesta quarta-feira (15), o Dia do Homem serve para alertar a população masculina sobre os cuidados com a saúde. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que eles vivem, em média, 4,4 anos a menos do que as mulheres. Dos problemas mais comuns neste universo, um tema tem preocupado especialistas: o uso indiscriminado de anabolizantes – derivados sintéticos da testosterona – sem prescrição médica, sobretudo durante a pandemia causada pelo coronavírus. Apesar de esculpir o corpo, o uso inadequado pode causar problemas como hipogonadismo permanente, câncer, infertilidade, doenças cardiovasculares, transtornos de humor, agressividade, distúrbios do sono e depressão.
Para a médica endocrinologista Elisa Aires, do It – Instituto Integrado Endocrinologia e Cirurgia, a data reforça a importância do cuidado continuo com a saúde masculina. “Não é preciso adoecer para procurar assistência. Culturalmente, as mulheres fazem avaliações de saúde com mais frequência e cuidado, o que contribui para melhores índices de longevidade, por isso a importância em alertar os homens sobre esta necessidade. Consultar um médico e realizar exames periódicos e preventivos contribuem para a promoção da saúde, detecção precoce e tratamento adequado de patologias em fases iniciais”, alerta.
Anabolizantes – Sobre o uso de anabolizantes, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) afirma que, sem recomendação médica, a prática é considerada um problema social e de saúde pública. Os danos para a saúde masculina podem ser sérios, como o hipogonadismo permanente. Segundo Elisa Aires, o hipogonadismo masculino é uma falha que ocorre nos testículos na produção da testosterona e/ou espermatozoides. A patologia pode ser primária (quando o problema está localizado nos testículos), ou secundária (quando há comprometimento hipofisário ou hipotalâmico).
A médica explica que o uso inadvertido de anabolizantes pode comprometer, de maneira transitória ou permanente, a fertilidade e a produção de testosterona. “A redução da testosterona, por exemplo, impacta negativamente na qualidade de vida do homem, pois tem relação direta com a composição corporal, função sexual, metabolismo e função cognitiva”.
Tratamento – O problema pode ser tratado com a restauração do eixo gonodal e o estimulo adequado da produção dos hormônios hipotalâmico, hipofisário e testicular. “O tratamento deve ser conduzido com muito cuidado por um médico endocrinologista, porém, em alguns casos, este comprometimento é permanente e necessita de uma reposição hormonal definitiva”, esclarece Aires.
Obesidade – No contexto da pandemia causada pelo coronavírus e com a necessidade da quarentena e distanciamento social, é importante reforçar a necessidade da prática de exercícios físicos e manter uma alimentação saudável e balanceada. O aumento do tecido adiposo promove maior conversão da testosterona em estrogênio e inflamação que, por sua vez, compromete a secreção dos hormônios responsáveis pela regulação da produção testicular da testosterona. “A obesidade, diagnosticada pelo aumento do IMC e da circunferência abdominal, além de agravar os sintomas da Covid-19, também pode ser fator de risco para desenvolver o hipogonadismo”, destaca.
Um maior acesso à informação e políticas de saúde eficazes, segundo a endocrinologista, pode ajudar a desmistificar a crença popular de que o homem é o sexo forte. Procurar assistência médica, de forma preventiva, praticar atividade física, priorizar a saúde e se alimentar de maneira saudável e balanceada é um bom caminho. “Com o envelhecimento, a produção de testosterona entra em declínio. Um seguimento regular com o seu médico endocrinologista possibilita uma condução deste processo de maneira mais equilibrada e com mais qualidade de vida”, finaliza.