Em artigo, Ireuda Silva defende fim da invisibilização e políticas públicas para órfãos do feminicídio: ‘Caso contrário, estaremos revitimizando quem já sofreu demais’
Em sua coluna mensal do site “Nexo”, a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), defendeu mais políticas públicas eficazes para resolver a situação dos órfãos do feminicídio. Atualmente, pouco se debate sobre o futuro das crianças e adolescentes cujas mães foram assassinadas por companheiros agressores, causando um trauma que talvez nunca seja superado.
“Todas as pessoas que vivenciaram tragédias ou passaram por algum grande baque na vida sabem o quanto é difícil seguir em frente. No caso específico dos órfãos do feminicídio — crianças e adolescentes cujas mães foram assassinadas por motivações de gênero, na maioria das vezes pelos próprios companheiros —, a dificuldade de tocar a vida é ainda maior. Nada será como antes, pois é um trauma praticamente impossível de ser superado, necessitando de acompanhamento psicológico e apoio material. E o poder público não pode ignorar essa realidade”, diz a republicana no artigo.
Ainda de acordo com Ireuda, “os órfãos do feminicídio são vítimas em várias perspectivas, a começar pelo que certamente viveram no lar de onde vieram. Homens deflagradores de violência doméstica também não costumam poupar os filhos ou enteados, como foi o caso do empresário morto pelo filho de 15 anos em Valinhos (SP). O adolescente e a mãe eram agredidos e ameaçados constantemente. Felizmente, a mãe continua viva”.
A republicana também defende “debater cada vez mais esse problema é o primeiro passo para termos chance de enfrentá-lo. Caso contrário, estaremos reforçando uma invisibilização e, consequentemente, revitimizando quem já sofreu demais. Além disso, é de suma importância que o poder público elabore políticas públicas em prol dessas crianças e adolescentes que tiveram a vida destroçada e o futuro seriamente comprometido devido ao feminicídio, que precisa ser combatido em todos os seus aspectos”.