Endometriose afeta 60% das mulheres inférteis na Bahia e se torna condição dolorosa e invisível
No dia 7 de maio (terça-feira), é celebrado o Dia Internacional da Luta contra Endometriose
A endometriose, doença silenciosa que afeta cerca de 176 milhões de mulheres no mundo, sendo mais de sete milhões apenas no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), é caracterizada pelo crescimento anormal do tecido endometrial fora do útero. De acordo com o Movimento Brasileiro de Conscientização da Endometriose (MovEndo), aproximadamente 60% das mulheres inférteis na Bahia são portadoras da doença.
O tecido endometrial pode se desenvolver em órgãos como os ovários, trompas de Falópio e até mesmo em áreas distantes, como o intestino ou a bexiga. A endometriose afeta de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva. Um dos sintomas mais comuns dessa condição é a dor intensa durante a menstruação, conhecida como dismenorreia, que pode se tornar incapacitante para algumas pacientes.
Segundo a Associação Brasileira de Endometriose, mais de 30% dos casos dessa condição levam à infertilidade. Com os tratamentos disponíveis, no entanto, é possível que uma mulher diagnosticada com endometriose engravide e leve a gestação até o final.
Além da dor menstrual, as mulheres com endometriose frequentemente experimentam dor durante a relação sexual, chamada dispareunia. Isso ocorre devido à presença do tecido endometrial em locais não naturais, o que pode causar irritação e inflamação durante o contato íntimo. Essa dor pode afetar significativamente a qualidade de vida das pacientes e até mesmo interferir em suas relações interpessoais, explica a médica ginecologista Jaqueline Neves.
Outro sintoma comum da endometriose é o sangramento irregular, que pode ocorrer tanto durante o ciclo menstrual quanto fora dele. Esse sangramento pode ser leve ou intenso e, em alguns casos, pode levar a complicações como anemia devido à perda de sangue frequente e excessiva. “É importante ressaltar que, embora esses sintomas sejam comuns em muitas mulheres, nem todas as pacientes com endometriose apresentam todos eles, e a gravidade dos sintomas pode variar de uma pessoa para outra”, destaca a Jaqueline Neves.
O diagnóstico da endometriose pode ser desafiador, pois seus sintomas podem ser confundidos com outras condições ginecológicas. Geralmente, é feito por meio de exames clínicos, como exame físico, história clínica menstrual da paciente, ultrassonografia, ressonância magnética e, em alguns casos, técnicas cirúrgicas para visualizar diretamente o tecido endometrial fora do útero. O tratamento varia de acordo com a gravidade dos sintomas e pode incluir medicamentos para aliviar a dor, reeducação alimentar anti-inflamatória, terapias hormonais para controlar o crescimento do tecido endometrial e, em casos mais graves, cirurgia para remover o tecido afetado.
Embora a endometriose seja uma condição crônica e sem cura definitiva, muitas mulheres encontram alívio dos sintomas com o tratamento adequado e o acompanhamento médico regular. “A conscientização sobre essa condição é fundamental para garantir que as mulheres obtenham o apoio necessário para lidar melhor com a sua saúde ginecológica. Para isso, é essencial que elas estejam atentas aos sintomas e busquem orientação médica se notarem qualquer irregularidade em sua saúde menstrual ou experimentarem dor crônica”, esclarece Jaqueline Neves.
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