Fotógrafos revelam festas e lugares mais encantadores de Salvador
Fotos: Pepe Fiorentino/Flickr e Valter Pontes/Secom
O olhar sensível do fotógrafo Pepe Fiorentino, 54 anos, transmite diariamente os cantos de Salvador e expressões do soteropolitano de maneira peculiar. Graças a profissionais como ele, cujo dia nacional é celebrado nesta quarta-feira (8), instantes da cidade se materializam nas fotografias e podem ser lembrados por muitos anos. E se alguém pergunta o que encanta na cidade, a resposta vem ligeiro: a fé.
“Salvador é uma cidade muito rica. Em qualquer esquina você encontra um filho de santo, uma freira, um padre, evangélicos. Então essa mistura faz com que essa seja talvez a maior cidade do Brasil com expressões de fé diferentes e onde todas se comunguem em um só lugar. Eu vou muitas vezes fotografar a última e a primeira sexta-feira no Bonfim e canso de ver um coroinha que é católico, mas tem uma guia de santo. Isso que é muito bonito”, afirma Fiorentino.
A festa popular que ele mais gosta de fotografar é a de Santa Bárbara, tanto por causa do vermelho estampado nas roupas dos fiéis e presente nas rosas que decoram o andor da santa, como pela força e fé que a festa tem. “Iemanjá e Bonfim são festas muito bonitas também, mas tem um lado profano muito grande. A festa de Santa Bárbara é emocionante. É visível o fervor das pessoas. O Largo do Pelourinho se enche. Eu vejo as pessoas agradecerem, vejo pedirem e vejo o choro de emoção”, conta.
Além da Festa de Santa Bárbara, outra situação preferida é a Feira de São Joaquim. “Aquele lugar é uma aula prática de fotografia porque tem uma luz única, o colorido das mercadorias, das frutas, o peixe no píer. Você tem também o contato com as pessoas, conhece a história. Eu vou para lá, abordo as pessoas, dou boa tarde, pergunto se posso fazer uma foto e a partir daí a gente começa a ter um contato mais próximo. Além disso, eu tenho por hábito sempre levar a fotografia de quem eu fotografo”.
Cenário perfeito – Fotógrafo da Prefeitura de Salvador há 15 anos, Valter Pontes, 49 anos, ama o que faz e conta por que Salvador proporciona boas imagens. “Além de toda a beleza natural, tem a simplicidade e alegria do seu povo e a luz, que é sempre perfeita”. Para ele, fotografar é congelar um instante do tempo em algo que pode se tornar eterno, seja uma paisagem, uma pessoa, a natureza, as lembranças, os pensamentos ou até momentos que vão se tornar históricos.
“Para se tornar um bom fotógrafo é óbvio que você tem que entender a parte técnica das câmeras e de seus acessórios, mas o ponto decisivo da qualidade do trabalho está em aprender, ver e compreender. Não é simplesmente olhar e dar o click. É também estar no lugar certo, na hora correta, na ocasião adequada e no momento em que a luz é capaz de enriquecer o cenário”, diz.
Pontes revela também a festa e o local preferidos por ele para imortalizar em imagens. “Fotografo o Carnaval de Salvador há 30 anos e não há festa igual para registrar. Há toda uma peculiaridade, cores e personagens envolvidos. Já os pontos turísticos do Pelourinho acabam sendo molduras perfeitas para qualquer fotografia”, opina.
Em comum, os profissionais têm a relação com a fotografia desde muito cedo e o amor pelo trabalho, principalmente em registrar a cidade e o soteropolitano. Valter é filho de fotógrafo e conviveu desde cedo com filmes, fotografias, ampliadores e laboratório fotográfico, acompanhando o pai, sempre que podia, nos trabalhos com as imagens. Os primeiros clicks em festas escolares e outros eventos foram dados aos 14 anos.
Já Pepe tem um estúdio no bairro do Bonfim e a relação com esse tipo de arte começou aos oito anos, quando ganhou uma câmera do pai. “A minha fotografia é basicamente rua, festas populares, gente, é a cor da Bahia. Eu gosto muito de fotografar a pessoa na sua essência: uma mão, um olhar, um gesto, uma sombra, algo que é característico dela. Eu tenho o hábito de estar sempre com a câmera fotográfica”, afirma.
Ele alerta que, atualmente, a documentação das imagens está se perdendo um pouco com o advento da fotografia por celular. “Isso porque as pessoas fazem muita imagem, mas documentam pouco. Eu acho muito importante registrar o que os olhos veem e guardar aquilo”, opina Fiorentino.