Kleber Rosa, vítima de racismo, recebe moção de solidariedade na Assembleia Legislativa da Bahia
O deputado Hilton Coelho (PSOL) inseriu na ata dos trabalhos da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) moção de solidariedade a Kleber Rosa, pré-candidato ao Governo do Estado da Bahia pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), vítima de racismo em uma publicação na rede social Instagram. Kleber Rosa é professor, cientista social, graduado pela Universidade Federal da Bahia, especialista em Educação Inclusiva e diversidade e Mestrando em Educação pela Universidade do Estado da Bahia. É também um dos fundadores do Movimento Policiais Antifascismo e candidato do PSOL à governadoria em 2022.
Em uma publicação do portal A Tarde, em que o veículo anunciou a candidatura de Kleber ao Palácio de Ondina, um leitor, através de um comentário racista, criticou o cabelo crespo e associou a imagem do candidato à loucura: “kkkkk Não sabe nem pentear o próprio cabelo e vai ser governador pode internar que tá é doido” [sic], escreveu.
Kleber publicou nesta terça-feira, 22, o print do comentário em sua página pessoal para debater o assunto. “Trata-se de uma postagem com ofensa racial que faz uma crítica ao meu cabelo, que é uma demarcação forte da minha identidade negra, e associa minha imagem à loucura, desqualificando a minha possibilidade de uma pretensão eleitoral. Como se essa imagem negra não tivesse legitimidade para estar nesse espaço de disputa, de governar o estado”.
Para Hilton Coelho, “o racismo perpetuado no Brasil se mostra diariamente, em diversas facetas, e aparece corriqueiramente de forma explícita nas redes sociais, ainda que o artigo 5º da Constituição Federal, considere a prática crime inafiançável, imprescritível e sujeito à pena de reclusão. Ataques como este precisam ser combatidos e demostra a importância de a população negra ocupar espaços de poder na busca por uma sociedade mais justa e igualitária, onde tanto no real, quanto no virtual, as pessoas reconheçam a importância da diversidade e do respeito”.
O parlamentar acrescenta que “as empresas donas dessas redes e o poder público não podem se mostrar passivos diante de tais conteúdos, que se caracterizam como ilícitos e violam direitos humanos. É fundamental políticas públicas eficientes de combate ao racismo e a propagação de ódio. Ações mais contundentes das plataformas digitais que impeça o envio de mensagens e comentários de ódio e facilite a responsabilização do autor, autora de tais crimes. O racismo presente nas redes sociais é fruto de um preconceito real, assumido na vida virtual. São palavras que matam, machucam, desestabilizam, propagam o ódio e afetam de diversas maneiras e a muitas pessoas. Não podemos permitir que indivíduos, permaneçam tendo a sua autoestima e identidade submetidas a tal tratamento, e não aceitaremos”, conclui Hilton Coelho.