Lula assina e entrega diploma do Prêmio Camões a Chico Buarque

Durante a cerimônia de entrega do Prêmio Camões a Chico Buarque, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância da obra do artista em retratar, com poesia, as relações entre Brasil e Portugal e difundir a cultura e lutas do Brasil por meio da língua portuguesa.

Lula afirmou que Chico transformou em patrimônio literário comum os amores, as alegrias e as lutas do povo brasileiro, celebrando a liberdade e a democracia. Ao lado do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, e do primeiro-ministro, António Costa, Lula se disse feliz em corrigir um dos absurdos cometidos contra a cultura brasileira, já que Chico Buarque havia sido contemplado com o prêmio há quatro anos, mas não o recebeu por descaso da gestão anterior com a cultura e os artistas nacionais.

Lula ressaltou que a cultura foi atacada em todas as suas formas pela extrema direita, e que o prêmio a Chico é uma resposta do talento contra a censura e do engenho contra a força bruta. Ele lembrou ainda que a negação das artes foi uma marca do totalitarismo e das ditaduras que censuraram Chico Buarque no Brasil e em Portugal.

Em seu discurso, Marcelo Rebelo de Souza referiu-se a Chico como parte integrante do patrimônio comum dos países de língua portuguesa, e afirmou que a escolha de premiá-lo se impõe pelas evidências, acima de tudo poéticas, de sua obra.

Chico, emocionado, disse que valeu a pena esperar quatro anos para receber o diploma do Camões, no dia em que Portugal celebra o fim da ditadura. Ele enfatizou que o prêmio é um desagravo a tantos autores e artistas brasileiros humilhados e ofendidos nos últimos anos de estupidez e obscurantismo, e que a ameaça fascista ainda persiste no Brasil. No entanto, ele se reconforta ao lembrar da rara fineza do ex-presidente Lula, que não sujou o diploma do prêmio Camões, deixando o espaço em branco para a assinatura do atual presidente.

Foto: Ricardo Stuckert / PR