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O que acontece numa RPPN não fica só numa RPPN

Mais conhecidas pela sigla RPPN, as Reservas Particulares do Patrimônio Natural costumam ser sinônimos de áreas de preservação ambiental de grande relevância pela riqueza de sua biodiversidade e de sua importância ecológica. Ainda que o termo seja desconhecido para muitas pessoas, sua função é essencial para a sociedade.

Claro que não é o fato de ser ou não uma RPPN o que define a importância de uma área de preservação. Porém, o título oficializa o interesse de seu proprietário com o manejo consciente, o que ajuda a assegurar a proteção da área contra atividades predatórias como desmatamento, caça, pesca e extrativismo não sustentável.

Criar uma reserva é uma decisão voluntária do proprietário da área, consciente de que o processo é irreversível e de que a unidade não contará com recursos governamentais para sua vigilância e conservação. Quer dizer: de modo permanente, o proprietário se torna o único responsável pela manutenção.

Em muitos casos, o proprietário não lucra financeiramente com ela, a menos que introduza programas pagos de visitação turística ou comercialize produtos, como sementes ou mudas, conforme o plano de manejo. Mas, ainda que o faça, o maior valor da reserva será sempre o ambiental; e um valor ambiental jamais é restrito à instituição que a mantém.

Daí a importância das RPPNs para quem vive próximo e mesmo distante delas. Isso porque os cientistas encontram ali referências sobre as relações entre múltiplas espécies de animais e plantas que não se restringem a estes locais e permitem compreender os ciclos de vida terrestres e aquáticos em outros biomas. E mais: as RPPNs podem ser fontes de matéria-prima para medicamentos que a ciência ainda se esforça para desenvolver. Portanto, o que acontece numa RPPN não fica só numa RPPN. Seus benefícios se espalham.

Por conta de uma maior capacidade de financiar operações de proteção de áreas de preservação, o setor privado tem participação decisiva na manutenção das RPPNs. A Bracell na Bahia, que atua no Litoral Norte, Agreste e Recôncavo Baiano, é proprietária da maior RPPN desta região: a Lontra, com 1.377 hectares, na divisa de Entre Rios e Itanagra. A unidade, certificada pelo governo baiano como uma das três Áreas de Soltura de Animais Silvestres da empresa, é um Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica por ser estratégica para a proteção deste bioma, segundo critérios do programa “O Homem e a Biosfera”, da Unesco. Além de espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção, a Lontra é habitat do menor lagarto do mundo, o briba-de-folhiço, e da surucucu-pico-de-jaca, a serpente mais peçonhenta das américas.

Que neste 31 de janeiro, quando se comemora o Dia Internacional das RPPNs, mais pessoas e instituições voltem os olhos para estes tesouros da natureza com a consciência de seu papel para a manutenção da vida no planeta.

Artigo de Meryellen Baldim de Oliveira,  engenheira florestal e gerente de Meio Ambiente e Certificações da Bracell.

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