Pai, médico do Samu revela desafios de manter distanciamento do filho
O isolamento social decorrente da pandemia do novo coronavírus tem feito com que muitos pais mantenham distanciamento dos seus filhos para minimizar o risco de disseminação da doença. Alguns desses exemplos envolvem profissionais que atuam na linha de frente no combate à Covid-19 na capital baiana, como o anestesista Lucas Fernandes da Silva, de 39 anos.
O médico atua no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e em mais dois hospitais particulares. Ele conta que segue impedido de exercer o pleno direito paterno de afeto com o pequeno Davi Gomes, filho recém-nascido de apenas sete meses de idade. Lucas reside na Pituba e revela que vai completar um mês e meio morando sozinho, como medida de isolamento social de prevenção à saúde do bebê.
A decisão foi tomada após diálogo entre ele e a esposa sobre qual seria a melhor alternativa para proteger a criança em tempos de Covid-19. “Como trabalho no Samu, tratando diretamente com os pacientes com coronavírus e pessoas com suspeita da doença, por mais que tenhamos todos os equipamentos de proteção, fiquei com receio de meu filho ter esse contato. Conversei com minha mulher e achamos por bem manter a distância”, conta o anestesista.
Atualmente, a esposa e o filho de Lucas estão morando junto com os sogros dele, no Itaigara. Na verdade, mesmo quando a família estava sob o mesmo teto, acrescenta o profissional de saúde, havia todo um cuidado para manter o distanciamento do bebê. Uma preocupação que surgiu na época em que a curva de casos da doença estava bastante ascendente em Salvador.
“Aqui em casa, eu já não me aproximava do meu filho. Era sempre um metro e meio entre eu e ele. Não trocava fralda, não carregava mais, dormia em um quarto separado, usava um banheiro à parte. É uma situação bem desconfortável mesmo”, relata o pai, que nunca testou positivo para o coronavírus e sequer sentiu sintomas suspeitos.
Para ajudar a driblar o contato mais restrito imposto pelo coronavírus, o jeito para matar a saudade tem sido fazer chamadas de vídeo. Entretanto, com a cidade já registrando o enfraquecimento da pandemia, Lucas se diz cada vez mais esperançoso e prevê a reaproximação com a família em breve.
“Às vezes, a gente acaba trabalhando tanto e não percebemos o quanto o tempo passa rápido. Os planos para o futuro é sair mais com meu filho, fazer castelo de areia com ele na praia, e estar mais perto de minha mãe, minha tia e meu sobrinho. Me afastei de todos por amor e segurança”, afirma o médico, que também pretende ter mais um descendente assim que a pandemia passar.