Prefeitura deve R$ 86 milhões ao Hospital Aristides Maltez
Durante coletiva nesta segunda-feira (31), o médico Aristides Maltez Filho falou dos 70 anos do Hospital Aristides Maltez que será comemorado nesta quarta-feira, dia 2 de fevereiro. Primeiro hospital especializado no tratamento de câncer do país, o HAM é uma instituição filantrópica, idealizada pelo seu pai, 100 por cento SUS, que atende pacientes dos 417 municípios da Bahia, além de outros estados como Alagoas, Sergipe, Piauí, Minas e até de Goiás.
O Hospital Aristides Maltez chega aos seus 70 anos de existência com uma trajetória ininterrupta e solidária. O
Dr. Aristides Maltez Filho ressalta uma das maiores vitórias da instituição ao longo da sua história: “Completamos 70 anos sem deixar de funcionar um único dia e acolhendo todos aqueles de que necessitam de nós. Enfrentamos dificuldades de todas as ordens, principalmente, financeiras, mas temos superávit social!”.
Ao longo desses 70 anos, o HAM alcançou números impressionantes: 205.433 mil casos de câncer atendidos, 280.706 cirurgias realizadas, 69.131.369 procedimentos desde 1976, entre outros.
São mais de 3.500 atendimentos diários e durante a conversa com os jornalistas o médico Aristides Maltez disse que o objetivo da coletiva era uma espécie de prestação de conta à sociedade baiana que tem ajudado muito a manter o trabalho diário do hospital. “Temos um déficit mensal de R$ 3 milhões e se não fosse a ajuda do povo da Bahia não sei que o que seria da nossa instituição”.
Dr. Aristides Maltez fez esta afirmação antes de falar dos quase R$ 86 milhões que o hospital tem a receber da Prefeitura Municipal de Salvador. A dívida começou com R$ 12 milhões na gestão do ex-prefeito João Henrique, depois aumentou mais R$ 50 milhões quando ACM Neto era o prefeito e agora, com as correções, já está totalizando R$ 86 milhões.
“Já entramos na Justiça e até impetramos um Mandado de Segurança para receber este dinheiro. Tentaram fazer um acordo, mas queriam que nós retirássemos a ação e não concordamos. Esse dinheiro é fruto de serviços prestados pelo hospital glosados pela Secretaria Municipal de Saúde e já ganhamos na Justiça. A desembargadora Rosita Falcão já deferiu nosso pedido, mandando a Prefeitura pagar e agora em fevereiro o pleno do Tribunal de Justiça deve julgar o caso”.
O HAM é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, idealizada pelo professor Aristides Maltez em 1936, quando criou a Liga Bahiana Contra o Câncer (LBCC) e foi acesa “a lâmpada da caridade” que permanece acesa até hoje, na entrada do prédio do hospital, no bairro de Brotas. O professor Aristides Maltez sonhava com a construção do Instituto de Câncer da Bahia para atender os doentes que padeciam em vários pontos da cidade por causa do câncer. A partir daí, começou uma campanha para arrecadar recursos para a construção do hospital. A Chácara Boa Sorte foi comprada em 1939 por 300 contos de réis, sendo 196,50 fruto de campanhas e doações e mais 103,50 contos de réis destinados pelo interventor do Estado Novo na Bahia, Landulfo Alves de Almeida.
Em 5 de janeiro de 1943, o professor Aristides Maltez faleceu repentinamente. No dia 31 do mesmo mês, durante assembleia geral da Liga Bahiana Contra o Câncer, por sugestão da conselheira Aldiza de Oliveira Barros, o Instituto de Câncer da Bahia que estava em construção foi denominado Hospital Aristides Maltez. A pedra fundamental para a construção do hospital foi colocada em 15 de outubro de 1940, mas somente no dia 2 de fevereiro de 1952 a unidade começou a funcionar.
Primeiro hospital do Brasil voltado exclusivamente para o tratamento de câncer, o Hospital Aristides Maltez desde a sua concepção, até os dias atuais, passando pela inauguração, crescimento e reconhecimento, o HAM segue sendo uma instituição de referência em todo o país. A instituição é cercada por voluntários, doadores, parceiros e incentivadores que fazem essa história acontecer dia após dia junto à equipe.
O hospital conta atualmente com 255 leitos e 180 profissionais médicos especializados. A unidade de oncopediatria, inaugurada há pouco mais de 10 anos, ocupa um prédio de cinco pavimentos com mais de 5.000 m² de área construída e é considerada uma das melhores do Brasil. Importante destacar que em 2019, com apoio do Governador Rui Costa, da primeira-dama Aline Peixoto e do cantor Bell Marques foi construída uma nova torre, anexa ao Pavilhão Central do HAM. Esta construção permitiu a instalação de: mais de 12 leitos para internação, Unidade de Terapia Intensiva com 10 leitos destinados exclusivamente a pacientes cirúrgicos, moderno serviço de hemoterapia, que conta com o único irradiador de sangue do estado. Hoje o HAM atinge uma posição de inquestionável destaque no cenário nacional na luta contra o câncer, tendo se tornado um centro de excelência e único Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) da Bahia.
NÚMEROS DE ATUAÇÃO DO HAM DE 1952 A 2021
• Pacientes matriculados: 542.139
• Pacientes internados: 343.207
• Casos de câncer: 205.433
• Consultas realizadas: 6.861.438
• Cirurgias: 280.706
• Aplicações radioterápicas: 5.191.979
• Ciclos de quimioterapia: 476.250 (a partir de 1976)
• Exames radiológicos: 1.366.545
• Exames patologia clínica: 10.124.158
• Exame anatomia patológica : 1.255.850
• Pacientes atendidos dos 417 municípios da Bahia.
• Total de procedimentos realizados a partir de 1998: 69.131.369
MÉDIA DE ATUAÇÃO MENSAL/2021
• Número de leitos: 255
• Ocupação de leitos: 77,30%
• Taxa de infecção hospitalar: 2,96
• Custo médio de paciente: R$ 3.976,85
Fotos: Valdeci Paim