Seminário reforça papel da Bahia no enfrentamento da crise climática com foco em energia limpa e gestão da água

A crise climática global impõe uma reflexão urgente sobre o uso responsável dos recursos naturais e a busca por alternativas sustentáveis de energia. Com esse pano de fundo, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau (SINTEST/BA) e o Observatório do Clima SINTEST promoveram nesta quinta-feira (24) o seminário “Análise do Clima e Fontes Energéticas”. A iniciativa contou com a participação da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que se uniram ao debate sobre os desafios ambientais contemporâneos e os caminhos para uma transição justa e sustentável das matrizes energéticas. O evento foi realizado no auditório Jurandyr Oliveira, no Departamento de Educação do Campus I da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Salvador.
O seminário esteve em sintonia com os temas prioritários que estarão em pauta na COP30, que será sediada pelo Brasil em 2025. A iniciativa buscou fomentar reflexões urgentes sobre a crise climática e o papel das instituições públicas e da sociedade civil na construção de soluções sustentáveis para o futuro do planeta.
Durante sua apresentação, o diretor de Políticas e Planejamento Ambiental da Sema, Tiago Porto, apresentou o inventário mais recente das emissões de gases de efeito estufa, acompanhado de um diagnóstico técnico baseado em dados atualizados. Na ocasião, também foram detalhadas as principais ações que vêm sendo implementadas pela secretaria e pelo instituto no enfrentamento da crise climática, com destaque para o monitoramento do desmatamento, o acompanhamento sistemático das variações climáticas e as estratégias de engajamento da juventude em políticas ambientais.
“Uma das principais iniciativas é a elaboração do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa, que identifica os principais setores emissores no estado, como o desmatamento e a agropecuária. Esse inventário é essencial para orientar políticas de mitigação. A Sema também coordena o Programa Bahia Sem Fogo, voltado à prevenção e combate aos incêndios florestais, e o Programa GAC (Gestão Ambiental Compartilhada), que fortalece a estrutura ambiental dos municípios baianos, incluindo ações climáticas. Outra iniciativa importante é o Pacto pelo Cerrado, que reúne esforços para a conservação do bioma, e a elaboração de Planos Municipais de Adaptação Climática, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, inicialmente em 10 municípios”.
Porto também destacou a criação do programa A Gente Jovem Ambiental, que irá selecionar estudantes da rede pública para desenvolverem projetos de enfrentamento às mudanças climáticas em seus territórios. “Essas ações fazem parte da implementação da Política Estadual de Mudanças Climáticas, em vigor desde 2011, e são debatidas no Fórum Baiano de Mudanças Climáticas, espaço de diálogo entre governo, universidades e sociedade civil”, acrescentou.
Recursos Hídricos
“O evento na UNEB é uma oportunidade fundamental para discutirmos as mudanças climáticas a partir da gestão dos recursos hídricos,” afirmou Antônio Martins, diretor de Recursos Hídricos e Monitoramento Ambiental do Inema. Na sua apresentação, o diretor abordou como as políticas públicas, tanto em âmbito federal quanto estadual contribuem para ações de mitigação, e principalmente para o fortalecimento da resiliência e adaptação frente aos efeitos das mudanças climáticas.
“A água é um recurso essencial e escasso, por isso a gestão eficiente é fundamental. Na Bahia, a Sema formula políticas públicas de recursos hídricos e o Inema executa essas políticas. Entre as ações em andamento, destaca-se a elaboração dos Planos de Bacia do Recôncavo Norte e Inhambupe e da Bacia do Paraguaçu — esta última responsável por mais de 60% da água consumida em Salvador, captada no Lago de Pedra do Cavalo. Esses planos são essenciais para garantir a disponibilidade e qualidade da água para múltiplos usos: consumo humano, agricultura, indústria e preservação ambiental. Além disso, o instituto atua na fiscalização da qualidade da água e na renaturalização de rios urbanos. A Política Estadual de Recursos Hídricos segue os princípios da Lei Federal nº 9.433/97 (Lei das Águas), que orienta o uso racional, integrado e sustentável dos recursos hídricos, com foco na prevenção de conflitos e na preservação dos mananciais”.
O diretor do Sindicato e Presidente do Observatório, Firmino Júlio, expressou sua alegria ao dizer que hoje é um dia muito especial para todos. “Não é todo dia que temos a oportunidade de participar de um momento como esse, onde um sindicato demonstra um compromisso tão genuíno e profundo com uma causa urgente como as mudanças climáticas. O caminho é esse: darmos as mãos, unirmos forças, reconhecermos nossos limites e, principalmente, assumirmos nossa responsabilidade. Precisamos agir. Precisamos tomar atitudes reais, concretas, que protejam de fato o nosso meio ambiente. Porque proteger o meio ambiente é, no fim das contas, proteger a nós mesmos”, reiterou Firmino.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau do Estado da Bahia (SINTEST-BA) é a entidade representativa dos servidores técnicos administrativos da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
Fotos: Ludmille Nazaré / Ascom Sema