Sessão de reabertura é marcada por forte conteúdo político
Os trabalhos, que foram marcados pela emoção, obedeceram aos rígidos protocolos de segurança por causa da pandemia
Da tribuna da Assembleia Legislativa, o governador Rui Costa imprimiu forte conteúdo político à mensagem que encaminhou ao Parlamento. Para ele, o Brasil vive uma crise política, econômica e social sem precedentes, que começou em 2015 quando houve o impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Ele acrescentou que, “depois disso, a nação não se encontrou mais”. O discurso governamental, que durou uma hora e meia teve fortes críticas ao Governo Federal, foi seguido da fala do presidente Adolfo Menezes, que lembrou o significado simbólico desse ato de civilidade democrática, além de agradecer as palavras de apoio do chefe do Executivo ao conjunto dos parlamentares.
A sessão solene de reabertura dos trabalhos ordinários foi aberta pelo presidente Adolfo Menezes, às 10h32, pois o cumprimento dos protocolos sanitários retardou o ingresso na sala das sessões – que teve a capacidade reduzida em 50%, e também não foi admitida a presença de pessoas em pé. Ele formou a mesa de honra dos trabalhos, em seguida constituiu uma comissão suprapartidária, que aguardava no Salão Nobre ao lado do vice-governador João Leão.
EMOÇÃO
Após a execução do Hino Nacional Brasileiro pelos policiais militares da reserva Josué e Lima, o presidente passou a palavra para a leitura da 8ª mensagem do governador Rui Costa à Assembleia Legislativa. De início, ele confessou a emoção, “o frio na barriga”, que o tomou da mesma maneira que em 2015, ano inaugural de sua gestão, agora quando faria o seu derradeiro pronunciamento como chefe do Executivo. Ele dirigiu palavras de apreço ao presidente Adolfo Menezes e ao Parlamento “pelo trabalho que desenvolvemos juntos nesses anos”, frisando a importância da ação legislativa no combate à pandemia e no socorro às vítimas das chuvas.
O tom do pronunciamento foi de despedida, remetendo à gestão do seu antecessor, o senador Jaques Wagner em diversas ações nas áreas de saúde, energia limpa, educação, abastecimento de água, logística e infraestrutura. No discurso, o governador fez um minucioso relato dos investimentos realizados no ano passado – iniciando pela saúde – apontando obras importantes que entregará antes de passar a faixa governamental para seu sucessor. Rui Costa louvou o modelo “compartilhado” de gestão que mantém com prefeituras e consórcios intermunicipais, que definiu como “relação democratizada”.
Após a execução do Hino da Bahia, o deputado Adolfo Menezes agradeceu as presenças de todos nessa primeira solenidade híbrida, com a participação virtual de deputados e autoridades, como o presidente eleito do Tribunal de Justiça da Bahia, desembargador Nilson Castelo Branco, que representou o presidente Lourival Trindade. Para ele, a reabertura dos trabalhos é uma tradição que esta “Assembleia e seus integrantes cultivam, pois é um marco da relação institucional republicana da Bahia moderna, balizada pela independência e harmonia entre os poderes”.
Ele fez questão de testemunhar a responsabilidade do Governo da Bahia no enfrentamento dos dois eventos nefastos – as crises sanitária e econômica sem precedentes, mas também “da ação pronta, imediata, do Poder Legislativo para apreciar, com rapidez, todos os projetos relacionados com o combate aos efeitos danosos da pandemia e das chuvas. Em ambos os episódios, nós, deputados estaduais, abrimos mão de obras e serviços para as comunidades que representamos, cedendo recursos orçamentários para o atendimento das emergências”.
Antes de encerrar, o chefe do Legislativo reafirmou que a Casa cumpriu, no difícil ano de 2021, com todos os seus deveres, inclusive zerando a pauta de votações sem abrir mão de quaisquer de suas prerrogativas – como sempre o fez e fará. Os deputados do bloco oposicionista decidiram não participar presencialmente da abertura dos trabalhos, a exceção do deputado Hilton Coelho (Psol), que manteve erguido um cartaz em protesto contra o retorno das aulas presenciais na rede estadual de ensino.
Carlos Amilton / Ascom Alba