“Situação crítica de empreendedoras negras na pandemia escancara injustiças históricas”, diz Ireuda Silva
A vereadora Ireuda Silva (Republicanos) avaliou como estarrecedores os dados que mostram a situação crítica das empreendedoras negras na pandemia do novo coronavírus. De acordo com pesquisa do Sebrae em parceria com Fundação Getúlio Vargas (FGV), esse é o segmento mais afetado pela crise. 36% das empreendedoras negras estão sem poder tocar seus negócios, frente a 29% entre as empresárias brancas e 24% entre os homens brancos (entre os homens negros, essa proporção é de 30%).
Além disso, 58% das empreendedoras negras que pediram empréstimo não conseguiram o recurso, sendo que esse número só é menor que o dos homens negros (64%). “Os dados da pesquisa são lastimáveis e revoltantes, mas não chegam a ser surpreendentes. Já debatemos há muito tempo que as mulheres negras são um dos grupos mais marginalizados na sociedade brasileira: são vítimas do machismo e do racismo ao mesmo tempo”, diz Ireuda, que também é vice-presidente da Comissão de Reparação. “A situação crítica de empreendedoras negras na pandemia escancara injustiças históricas do Brasil, que é um país de origens escravistas, de privilegiados”, acrescenta.
Ainda nessa perspectiva, a vulnerabilidade das mulheres negras ao desemprego é 50% maior. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a cada 1 ponto percentual a mais na taxa de desemprego, as mulheres negras sofrem, em média, aumento de 1,5 ponto percentual. Por outro lado, elas têm mostrado um grande potencial para contornar as dificuldades: na última década, o volume de mulheres à frente dos pequenos negócios cresceu 18%, enquanto que o dos homens teve um aumento de apenas 8%, de acordo com pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).