Salvador

Trabalhadores de limpeza urbana de Salvador ameaçam parar e cobram melhorias para enfrentar pandemia

Ameaças de demissões, agressões, falta de equipamento, do cumprimento do Programa de Participação de Resultados (PPR) e do fortalecimento da categoria, assédio moral, mudanças na estrutura da Limpurb e uma série de pontos defasados na condução administrativa da limpeza urbana de Salvador. Esses são alguns dos pontos debatidos entre a categoria e o SindilimpBA que motivaram o aviso de paralisação dos serviços na capital baiana. Nesta quinta-feira (7), o vereador soteropolitano Luiz Carlos Suíca (PT), que representa a categoria de trabalhadores e trabalhadoras na Câmara, disse que a situação é caótica e que algumas empresas estão sendo pressionadas pela Limpurb, com perseguição a funcionários e a falta de reajustes já acordados em reuniões anteriores. Suíca lembra que o país vive uma crise sanitária sem precedentes e que quem está à frente desse combate cotidianamente são os garis e margaridas.

“Fui procurado pelo sindicato e pela categoria, ainda não tem data definida para a paralisação. O número de ‘capitães do mato’ que gerou dentro da Limpurb tem incomodado centenas de profissionais que atuam em diferentes empresas. Isso é um dos sérios problemas. Eles são agredidos verbalmente, são suspensos sem explicação, e passam por inúmeras dificuldades por causa da crise sanitária. Essa pandemia era para nos mostrar o valor incalculável que esses profissionais têm diante desse combate. São eles que estão diariamente na linha de frente, arriscando suas vidas. Deficientes físicos são explorados, locais que eram para ter 10 trabalhadores tem três ou quatro. E eles não têm escolha de folga, nem horário de almoço”, detalha Suíca indignado com a situação. O edil petista defende a paralisação.

“Os trabalhadores decidiram parar. Sentimos muito que a população tenha que passar por essa situação no início do ano, mas algumas empresas dificultam as coisas, não cumprem acordos e ainda não repassam o lucro para os trabalhadores. A paralisação será ruim para todos, mas a decisão é deles”. Suíca informa que a localidade que tem maiores reclamações é no centro da cidade, região do Pelourinho, do Comércio ao Campo Grande. “É onde os trabalhadores mais reclamam das perseguições, dos assédios, das injustiças, das demissões”, sintetiza. A coordenadora-geral do SindilimpBA, Ana Angélica Rabello, diz que tem realizado reuniões com os profissionais de limpeza urbana na capital e que a situação é muito difícil.

Ana também defende a paralisação dos serviços para, primeiro, atender a solicitações  dos trabalhadores e, segundo, para que “a Limpurb tenha mais responsabilidades a respeito da valorização dos serviços prestados”. A sindicalista diz que a situação é desconfortável. Ela explica que a população de Salvador não merece passar por isso e que o sindicato tentou, até o último momento, evitar a paralisação.

“Não é fácil. A situação na capital se agravou muito com a falta de atenção, falta de apuração das denúncias de agressões, ameaças e até de demissões sem explicações e, também, de assédio moral. Tem funcionários contratados da Limpurb que ficam mais de um ano e meio sem aparecer por serem indicados de vereadores, mas o trabalhador não tem direito aos 15 minutos de almoço. Sem contar que a convenção coletiva está em aberto, não aceitamos a condição de zero por cento. Falta gerência na Limpurb, falta comprometimento e falta cumprir os acordos com a categoria. Sentimos muito, a população de Salvador não merece isso, mas essa nova gestão não tem respeito pelo trabalhador”.

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