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Vacina e camisinha previnem transmissão do HPV

Verrugas na região genital podem indicar contágio e infecções persistentes se transformar em câncer

O papilomavírus humano (HPV), geralmente, atinge pessoas com vida sexual ativa, sendo facilmente transmissível. No Brasil, há registros de aproximadamente dois milhões de casos todo ano. As duas principais formas de se precaver da infecção são a vacina, que tem distribuição gratuita pelo SUS, e o uso da camisinha em qualquer contato sexual. A vacina é mais eficiente para quem ainda não tem uma vida sexual ativa, mas pessoas com idade mais avançada também podem tomá-la, mesmo que o corpo não produza a mesma carga de anticorpos de quando se é mais jovem.

A transmissão do HPV ocorre, principalmente, por via sexual. Uma vez em contato com o vírus, a pessoa pode ter três tipos de infecção: 1) a latente, quando se detecta o vírus, mas sua presença não causa nenhum tipo de lesão ou percepção clínica; 2) a subclínica, quando alterações só são descobertas por exames mais detalhados, como papanicolau e colposcopia; e 3) quando há infecção clínica e lesões em forma de verrugas. De acordo com o uro-oncologista Augusto Modesto, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Urologia – seção Bahia (SBU-BA), essas verrugas podem aparecer em diferentes lugares.

“Nas mulheres, as verrugas aparecem com frequência no colo do útero e nas paredes vaginais. Já nos homens, elas surgem na maioria das vezes no pênis, mas podem ocorrer no ânus, bolsa escrotal, boca ou garganta”, detalhou o especialista. Independentemente do quadro clínico, o HPV é um vírus lento, o que implica que qualquer consequência da sua infecção demora para aparecer. O tratamento tem o intuito inicial de eliminar as verrugas e é feito através de cauterizações com substâncias químicas, eletrocautério ou laser.

“O tratamento, em si, não elimina o HPV, mas na maioria dos casos, o corpo da pessoa expulsa o vírus em cerca de dois anos”, frisou Modesto. Cerca de 80% das pessoas infectadas pelo HPV são capazes de eliminar o vírus de maneira espontânea, por meio de uma resposta imunológica eficiente. Todavia, em aproximadamente 20% dos casos, a presença do vírus no organismo pode se tornar crônica e ocasionar o aparecimento de lesões de baixo grau, quando infectadas pelo grupo de baixo risco, ou de alto grau, quando infectadas pelo grupo de alto risco oncogênico. Elas são chamadas de infecções persistentes. “Esses casos, inclusive, são os que demandam mais atenção, pois podem evoluir para quadros de câncer. A boa notícia é que, com o devido acompanhamento médico, é possível detectar o HPV e tratar suas consequências com antecedência”, afirma Augusto Modesto.

HPV e câncer  – De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), pelo menos 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos, “apresentando maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras”. Cerca de 90% dos casos de câncer de ânus são causados pelo HPV-16 ou HPV-18, os mesmos tipos do HPV genital que causam a maioria dos casos de câncer de colo do útero. Quase a metade dos cânceres de vulva e cerca de 70% dos cânceres vaginais estão associados ao HPV. Alguns outros cânceres genitais (pênis e uretra) e alguns cânceres de cabeça e pescoço (especialmente da garganta e amígdalas) também estão associados com os tipos de HPV de alto risco. Além disso, muitas pessoas com câncer de pele e cujo sistema imunológico está debilitado são portadores de HPV.

Contudo, é preciso frisar que “a presença do HPV no organismo não é sentença de câncer de colo de útero, câncer de pênis ou outros tipos de tumor, pois a maioria dos casos não evolui para uma neoplasia. Se, na pior das hipóteses, uma lesão por HPV de alto risco aparecer, há uma probabilidade próxima de 100% de tratá-la sem ter de enfrentar nenhuma complicação, bem antes de se transformar em câncer, caso o diagnóstico seja feito logo”, explicou o uro-oncologista Augusto Modesto. Também por isso, as consultas e exames anuais de rotina com ginecologista e/ou urologista não devem ser negligenciados.

Vacina – Meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos podem tomar a vacina gratuitamente no SUS. Para os que vivem com HIV, a faixa etária é mais ampla (9 a 26 anos) e o esquema vacinal é de três doses (intervalo de 0, 2 e 6 meses). No caso dos portadores de HIV, é necessário apresentar prescrição médica. Outros grupos etários podem dispor das vacinas em serviços privados, se indicado por seus médicos. De acordo com o registro na Anvisa, a vacina quadrivalente é aprovada para mulheres entre 9 a 45 anos e homens entre 9 e 26 anos, e a vacina bivalente para mulheres entre 10 e 25 anos. As clínicas não estão autorizadas a aplicar as vacinas em faixas etárias diferentes das estabelecidas pela Anvisa.

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