Biblioteca Florisvaldo Mattos deverá receber livros de mais de 50 jornalistas

OBRAS DE AÉCIO PAMPONET, ANTONIO MATOS, HELÔ SAMPAIO E LUIS GUILHERME JÁ ESTÃO NA ESTANTE

A Biblioteca Florisvaldo Mattos, na sede do Sindicato dos Jornalistas da Bahia, já tem agendadas as visitas de mais de 50 jornalistas-escritores, que irão levara pessoalmente suas obras para o endereço da Rua Chile, 22. As presenças mais recentes são de Aécio Pamponet, Antonio Matos, Helô Sampaio, e Luis Guilherme Pontes Tavares. As obras deles irão dividir espaço com os livros de Florisvaldo Mattos, Ruy Espinheira, Fernando Vita, Nelson Cadena, Elieser Cesar, Jorge Ramos, Carlos Navarro, Joana D‘ Arck, Tasso Franco, João Carlos Teixeira Gomes, Sérgio Mattos, Cau Gomez, Alessandra Nascimento, Jaciara Santos, Emiliano José, ZédeJesus Barreto, Franciel Cruz, Alberto Freitas, Luís Pimentel, César Rasec, Lúcia Correia Lima, Jari Cardoso, Jolivaldo Freitas, Ari Donato, Vanda Amorim, Chico Muniz, Roberto Macêdo, Aurora Vasconcelos, Nílson Galvão e Carlos Ribeiro.

AÉCIO PAMPONET

Aécio Pamponet Sampaio, estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia foi preso no Congresso da UNE, em Ibiúna/SP, e indiciado, em 21 de fevereiro de 1969, por prática de delito contra segurança nacional – ainda seria preso por mais duas vezes. Alguns dias antes, a ditadura determinara que sua matrícula na UFBA fosse recusada. Torcedor apaixonado do Bahia e líder estudantil, era “carismático, leve, a fala clara, firme, tomando as assembleias estudantis nas mãos”, como relembra o jornalista Emiliano José.

Liderou, por meses, a ocupação da Faculdade de Ciências Sociais, que funcionava no bairro de Nazaré, em Salvador, quase em frente à Academia Baiana de Letras. Virou cobrador de um laboratório farmacêutico, batendo às portas de farmácias de Salvador com uma pasta 007 nas mãos. Um dos editores do jornalzinho Filó & Sofia, foi ser jornalista na Tribuna da Bahia. No entanto, como era um “agitador e comunista perigoso”, segundo o regime militar, não poderia atuar na atuar em Política.

Foi para a Editoria de Esportes, sob a batuta do jornalista Antonio Matos – tempos em que João Ubaldo Ribeiro reunia a redação para dar aula de Filosofia, enquanto Ruy Espinheira Filho copidescava. Na equipe de Matos, Aécio teve a sua primeira experiência com o jornalismo esportivo moderno, de qualidade, lúdico, longe dos chavões da boleiragem à época.

Em 21 de janeiro de 1968, foi apresentado ao reitor Roberto Santos, no velório de Isaías Alves, no salão nobre da antiga Faculdade de Ciências Humanas, pelo diretor Joaquim Batista Neves. O Magnífico o convidou para participar das reuniões do Conselho Universitário, apesar das posições de esquerda e antirregime de Pamponet. Já governador da Bahia, entre 1975 e 1979, Roberto o nomeou como diretor-técnico do Instituto de Urbanismo e Administração Municipal, da Secretaria de Planejamento, comandada por Edson Pitta Lima.

Em 1986, integrou a segunda gestão de Mário Kertész na Prefeitura de Salvador, atuando como secretário municipal de Abastecimento. Entre 1993 e 1996, o sociólogo, jornalista poeta e cronista exerceu o cargo de prefeito de Macajuba, terra onde nasceu, em 1944, na Fazenda Lagoa do Morro. Hoje, Pamponet se dedica às orquídeas e ao replantio de plantas da caatinga nas terras da Fazenda Garajau, entre os municípios de Ruy Barbosa e Macajuba – onde também implantou o Museu de Arte Popular Juraci Dórea.

Para a Biblioteca Florisvaldo Mattos, na sede do SINJORBA, Pamponet entregou “Retalhos”, de 2019, autobiografia onde conta os sonhos e ilusões com a militância política na ditadura militar; a passagem pelo jornalismo esportivo; e a experiência como prefeito de Macajuba; e “Vagabundo, Graças a Deus”, 2023, continuação de suas memórias, com grande inspiração em Guimarães Rosa e Manuel de Barros.

ANTONIO MATOS

Antonio Matos, o jornalista e radialista “Nininho”, é bacharel em Direito, diplomado pela Universidade Federal da Bahia, na turma de 1970. Em 1968, era repórter esportivo na Rádio Cruzeiro. Um ano depois, aos 22 anos, era editor de Esportes na equipe fundadora da Tribuna da Bahia – onde permaneceu até junho de 1974 – comandada pelo brilhantismo de Quintino de Carvalho, com larga experiência no Jornal do Brasil, ex-integrante do PCB, com atuação destacada em O Momento, jornal do Partidão na Bahia, diversas vezes empastelado pela ditadura.

No jornal desde 1968, na Escolinha TB – uma oficina criada por Quintino para os repórteres que iriam trabalhar no jornal – Matos viveu momentos difíceis em razão da censura praticada pela ditadura militar. Através de bilhetes e telefonemas, o Exército – e, mais tarde, a Polícia Federal – ditava o que podia ou não ser publicado. Além de ações intimidatórias, através de “convites” para que repórteres, redatores, produtores e editores comparecessem ao comando da VI Região Militar do Exército.

Em 1974, trocou a TB pelo Diário de Notícias, onde foi editor, colunista e redator. De 1978 a 1980, atuou como repórter da sucursal baiana da Manchete Esportiva, além de frila do jornal O Estado de São Paulo. Em 1981, foi para a redação de A Tarde, onde ficou por 24 anos, nas funções de articulista, redator, editor e chefe de reportagem. Foi subsecretário de Comunicação Social da Prefeitura de Salvador, tendo o jornalista Fernando Escariz como secretário; assessor de Comunicação Social da Ordem dos Advogados do Brasil-BA; do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia; da Secretaria da Segurança Pública e do Ministério Público do Trabalho. Delegado da Polícia Civil, exerceu a presidência da Associação Bahiana de Cronistas Desportivos (ABCD) e a vice-presidência da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos (Abrace). Atualmente, exerce o cargo de diretor financeiro da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).

Torcedor do Ypiranga, em 2012 começou a esboçar o livro, que finalmente seria lançado em 2018, depois de uma exaustiva pesquisa: “Heróis de 59: A História do Primeiro Título Brasileiro Conquistado pelo Esporte Clube Bahia” – na competição nacional iniciada em 23 de agosto de 1959 e concluída em 29 de março de 1960, com a participação de 16 campeões estaduais – que agora integra a Biblioteca Florisvaldo Mattos, na sede do Sindicato dos Jornalistas da Bahia.

Com súmulas e detalhes muito precisos, Antonio Matos resgata os 14 jogos realizados pelo Esporte Clube Bahia para sagrar-se primeiro campeão do Brasil: dois com o CSA; três (e mais uma prorrogação) diante do Ceará Sporting; três frente ao Sport, inclusive uma goleada sofrida por 6×0 na Ilha do Retiro; três contra o Vasco da Gama; e mais três com o Santos, com a final no Maracanã, em 29 de março de 1960: Bahia 3×1 Santos. A motivação que o levou a escrever a obra foi o encantamento do garoto de 12 anos com aquele time do Bahia de 1959, que tinha craques como Vicente Arenari, Flávio, Marito e Mário, além de contar com o excelente goleiro Nadinho e grandes artilheiros, como Léo Briglia e Alencar.

Com 266 páginas, o livro tem prefácio do jornalista, advogado trabalhista e ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho Roberto Pessoa, e posfácio do jornalista Eliezer Varjão. A Solisluna Editora prepara uma segunda edição, para lançá-la em 2025, quando o Esquadrão de Aço comemora os 65 anos da conquista do primeiro título brasileiro.

HELÔ SAMPAIO

A jornalista Heloísa Gerbasi Sampaio nasceu em Ibicaraí, no Sul da Bahia, nas terras-do-sem-fim da Região Cacaueira – “não importa o ano, meus amores, porque isso não é informação jornalística”, diz a própria Helô, durante 35 anos professora de Diagramação de milhares de jornalistas que passaram pelos bancos da Escola de Biblioteconomia e Comunicação – hoje, Faculdade de Comunicação – da Universidade Federal da Bahia. Ela própria é graduada em Jornalismo pela UFBA, em 1973; e possui Especialização em Gestão da Informação Para Multimeios, pela FTC, em 2003.

No primeiro dia útil de 1972, 3 de janeiro, uma segunda-feira, a manchete principal de A Tarde era: “Ano começa mal: com 2 crimes, um incêndio e 5 mortes”. Foi o ano em que Heloísa pisou, pela primeira vez, como estagiária da Diagramação, na redação de A Tarde, na Praça Castro Alves, número 5, onde funcionou, de 1930 a 1975, o vespertino diário fundado pelo jornalista Ernesto Simões Filho, em 1912.

Recém-formada, passou para a reportagem policial, cobrindo um homicídio na ladeira do Cine Pax, tornando-se a primeira mulher baiana a escrever para a Editoria de Polícia. Era a “Gorda”, em um tempo que ainda não era politicamente incorreto chamar assim os “desregulados crônicos do apetite”.

Acompanhou todas as mudanças gráficas do jornal – linotipo, off-set, cores e sistemas digitais – e também a mudança física para a nova sede, no Caminho das Árvores, em 1975 – dando adeus à boemia jornalística do Centro antigo de Salvador: Varandá, Tabaris, O Cacique, Hotel Guaciara e o brega de Maria da Vovó.

Ao longo dos seus 33 anos em A TARDE foi repórter, editora, diagramadora e autora da coluna “Comes & Bebes”, dividindo a redação com as salas de aula do curso de Jornalismo, e a atividade sindical, como presidenta do Sindicato dos Jornalistas da Bahia, nos períodos de 1995 a 1998 e 1998 a 2004, quando promoveu a interiorização do SINJORBA. Diretora da Associação Bahiana de Imprensa, foi também assessora da Secretaria de Turismo e da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC).

Na área literária, aos 15 anos, Helô tinha enveredado pela poesia, mas logo desistiu da carreira. “Infelizmente a minha veia poética se inibiu quando aprofundei a leitura dos grandes escritores. Ou chegamos perto dos mestres com uma poesia que sensibilize, ou é melhor cuidar de outra coisa na vida”, disse a própria, mas que nunca abandonou a crônica e, principalmente, os “causos”. E se tiver comida, então, a gulosa Heloísa, com suas deliciosas receitas, faz de uma simples merenda um ágape.

Para a Biblioteca Florisvaldo Mattos, Helô entregou um exemplar do saborosíssimo “Bem Comida – Crônicas e Delícias da Bahia”, 1996, onde, em 204 páginas, sempre bem-humorada, ela conta “causos” da sua vivência como jornalista e nas comilanças da gastronomia. E ela mesmo avisa (o que todo mundo já sabe): “Gosto de comer, mas não sei cozinhar”.

LUIS GUILHERME

O jornalista Luis Guilherme Pontes Tavares possui graduação em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia (1977), mestrado em Jornalismo (1990) e doutorado em História Econômica (1999), ambos pela Universidade de São Paulo (USP). Filho do jornalista e historiador Luis Henrique Dias Tavares, teve no jornalista e escritor Jorge Amado uma das referências na infância. Na vida profissional, o seu espelho foi o antropólogo Vivaldo da Costa, com quem trabalhou na década de 1980.

Jornalista, produtor editorial e professor universitário, é 1º vice-presidente da ABI, com larga experiência na área de Comunicação, atuando principalmente em temas como jornalismo e tipografia, na Bahia e no Brasil. A sua tese de Doutorado foi intitulada “Nome para Compor em Caixa Alta: Arthur Arezio da Fonseca”, sobre o baiano Arthur Arezio da Fonseca (1873-1940), gráfico, artista plástico, editor, escritor, dono de uma das primeiras clicherias de Salvador, e fundamental na montagem da Imprensa Oficial do Estado. Foi também editor de alguns periódicos, como Malagueta, no final do século XIX, e Artes e Artistas, na década de 1920. Antes, no Mestrado, em “A Continuidade Define a Linha”, trata da implantação, em 7 de setembro de 1915, da Imprensa Oficial do Estado – que se transformou, hoje, em Empresa Gráfica da Bahia.

Professor do Centro Universitário Estácio da Bahia – Estácio FIB e, desde 1968, servidor efetivo da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, Luis Guilherme entregou para a Biblioteca Florisvaldo Mattos exemplares de “Nome para Compor em Caixa Alta: Arthur Arezio da Fonseca”, 2000, com prefácio do jornalista Cid Teixeira; “Apontamentos Para a História da Imprensa na Bahia”, 2005, com textos de Aloysio de Carvalho, Aloysio de Carvalho Filho, Antonio Loureiro Souza, Antonio Vianna, Honestílio Coutinho, Jorge Calmon, Luiz Viana Filho e Octavio Mangabeira; “HAF na TB – A Passagem de Hamilton Almeida Filho na Tribuna da Bahia, entre 1972 e 1973”, 2009; “As Variedades ou Ensaios de Literatura”, 2012, edição fac-similar da primeira revista brasileira, editada, na Bahia, em 1812. Além delas, Luis Guilherme trouxe para a Biblioteca do Jornalista Baiano o clássico “A Independência do Brasil na Bahia”, 1977, de autoria do seu pai, Luis Henrique Dias Tavares, autor de outras 27 grandes obras.

MAIS JORNALISTAS

A Biblioteca Florisvaldo Mattos quer contar também com as obras dos jornalistas-escritores Albenísio Fonseca, Albino Rubim, Alexandre Lyrio, Ana Paula Ramos, André Holanda, Antônio Dias, Antônio Torres, Biaggio Talento, Carla Trabazo, Carlos Barbosa, Cássia Candra, Césio Oliveira, Chico Araújo, Chico Ribeiro Neto, Clara Albuquerque, Cláudia Correia, Cláudia Quadros, Eduardo Bastos, Elias Machado, Elton Serra, Fernando Conceição, Gabriela de Paula, Gilka Bandeira, Giovanni Giocondo, Gonçalo Junior, Gutemberg Cruz, Heliana Frazão, Hérica Lene, Ivana Braga, Itamar Ribeiro, Jan Aline Silva, Jean Willis, Jeremias Macário, Jessica Smetak, João Leite, João Santana Filho (Patinhas), José Carlos Teixeira, Josélia Aguiar, Juarez Bahia, Lília Gramacho, Lílian de Souza, Luís Gama, Luiza Torres, Marcelo Dantas, Marcelo Torres, Marcelinho Simões, Márcia Luz, Marcos Navarro, Marcos Palácios, Marcos Uzel, Marcus Gusmão, Mariana Paiva, Mariluce Moura, Mery Bahia, Mônica Lima, Muniz Sodré, Nelson Cerqueira, Nestor Mendes, Nildão, Oleone Coelho Fontes, Orocil Pedreira, Oscar Paris, Othon Jambeiro, Otto Freitas, Paolo Marconi, Patrícia Sá Moura, Paulo Leandro, Rogério Menezes, Samuel Celestino, Sebastião Nery, Sérgio Guerra, Sônia Serra, Stela Alves, Susana Varjão, Symona Gropper, Valber Carvalho, Valter Xéu, Vander Prata, Waldomiro Junior, Washington de Souza Filho, Wilson Midlej, Zé Américo Castro, Zezão Castro, entre outros.

Entre os fotógrafos e cartunistas, já estão convidados os colegas Agliberto Lima, Anizio Carvalho, Antônio Queirós, Borega, Carlos Casaes, Elói Correia, Gentil, Setúbal, Helder Reis, Marco Aurélio, Margarida Neide e Rino Marconi.

Também serão contatados os familiares de filiados ilustres do Sinjorba que já faleceram, a exemplo de Ademar Gomes, Adroaldo Ribeiro Costa, Alberto Miranda, Ana Tereza Baptista, Anísio Félix, Antônio Jorge Moura, Ariovaldo Matos, Béu Machado, Chico Bina, Cid Teixeira, Glauber Rocha, Hélio Pólvora, Heliogábalo Pinto Coelho, James Amado, João Ubaldo Ribeiro, Joaquim Cruz Rios, Jorge Amado, Jorge Calmon, Jorge Medauar, Luís Henrique Dias Tavares, Luiz Viana, Maria José Quadros, Nilson de Oliva Cezar (Pixoxó), Odilon Tavares, Paulo Gil Soares, Paulo Tavares, Pedro Calmon, Ranulpho de Oliveira, Vanderlei Carvalho, entre outros.