Salvador

Com 382 anos de existência, Festa de Santa Bárbara é um dos Bens Imateriais protegidos pelo IPAC

Iniciada no século XVII, desde 1641, quando o casal de portugueses, Francisco Pereira do Lago e Andressa de Araújo, fizeram uma promessa no Morgado de Santa Bárbara, no bairro do Comércio, ao pé da atual Ladeira da Montanha, a Festa de Santa Bárbara acontece mais uma vez em Salvador, nesta segunda-feira (4), a partir das 6h, como uma síntese da cultura baiana que carrega influências europeias e africanas, simultaneamente. Neste ano (2023), a Festa completa 382 anos de existência e é um dos Bens Imateriais registrados como ‘Patrimônio da Bahia’ através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC).

O IPAC é integrante da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBa) que repassou neste ano (2023) o investimento de aproximadamente R$ 386 mil para a realização das comemorações e outras ações correlatas. A programação de segunda (4) inclui ‘alvorada’ de foguetes, missa campal, procissão com sete andores decorados com santos católicos, além de apresentações e shows musicais nos largos Tereza Batista, Quincas Berro D’Água e Pedro Archanjo, no Pelourinho.

A manifestação passou a ser Patrimônio da Bahia em 2008 via Decreto nº 11.353 do Governo da Bahia. O roteiro começa no Largo do Pelourinho e depois uma procissão segue para o Terreiro de Jesus, Praça da Sé, Praça Municipal, Ladeira da Praça, parando na sede do Corpo de Bombeiros, na Praça dos Veteranos, seguindo na Baixa dos Sapateiros até o Mercado de Santa Bárbara e voltando ao Largo do Pelourinho onde os andores com os santos ficam por um tempo à espera de fiéis e devotos. (programação mais ABAIXO).

ORDEM, PATRIMÔNIO e LIVRO – Depois de um incêndio que destruiu o Morgado, no Comércio, a imagem da santa, que tinha capela própria, foi para a Igreja do Corpo Santo e, finalmente, para o Rosário dos Pretos. “Desde 1997, a festa é organizada pela Venerável Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo Irmandade Dos Homens Pretos”, explica a diretora do IPAC, Luciana Mandelli. Todos os anos, o evento reúne mais de 10 mil fiéis no Centro Histórico de Salvador. São visitantes de todo o Brasil e até do exterior vindo participar das festividades que têm início com o Tríduo na Igreja entre os dias 01° e 03 de dezembro.

O Rosário foi fundado em 1685 e passou à Ordem 3ª em 1899. “Devido à importância cultural, artística e histórica da Igreja do Rosário dos Pretos, o conjunto é tombado como ‘Patrimônio do Brasil’ pelo IPHAN, desde 1938”, completa Luciana Mandelli. Acesse o site www.ipac.ba.gov.br, o instagram @ipac.ba, o facebook Ipacba Patrimônio e twitter @ipac_ba. Os interessados podem acessar gratuitamente o livro do IPAC ‘Festa de Santa Bárbara’ no site www.ipac.ba.gov.br, no lado esquerdo da primeira página, no link ‘Publicações para download’ e, depois, no link ‘Cadernos do IPAC’. Ou no link https://drive.google.com/file/d/0B3D0pMS8V_3sQ1lGamhFOUc2cDQ/view?resourcekey=0-gzANAnvJRFyHCPG-GoDcNw.

Box opcional: HISTÓRIA – A Festa de Santa Bárbara remonta ao ano de 1639, quando o casal Francisco Pereira e Andressa Araújo construiu capela devocional no comércio às margens da Baía de Todos os Santos, em Salvador. Desde então a festividade, transferida para o Pelourinho, tornou-se não somente fonte de fé para católicos como também para adeptos da religiosidade de matrizes africanas, que chegam de diversos estados brasileiros e até de fora do Brasil para participar da festa e procissão em Salvador. A programação inclui tríduo de celebrações eucarísticas e termina na Igreja do Rosário dos Pretos. A igreja e seus bens móveis, como as imagens dos santos, pinturas do teto e azulejos foram restaurados pelo IPAC ao custo de R$ 2,6 milhões no início da década de 2010. Autarquia da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBa), o IPAC recebeu nessa época recursos do Tesouro Estadual e do programa federal Prodetur, financiamento do Banco Interamericano, via Ministério do Turismo e Secretaria do Turismo, e investimento do Banco do Nordeste. A exposição permanente que existe no corredor lateral da Igreja do Rosário dos Pretos também aconteceu graças ao Edital de Museus do IPAC. A mostra é uma homenagem à Irmandade e à Venerável Ordem Terceira do Rosário às Portas do Carmo, nome da entidade, fundada por descendentes de escravos e ex-escravos que construíram a igreja.

crédito Fernando Barbosa:

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