Os mortos importam, mas os vivos importam mais ainda
Gerson Brasil,
Secretário de Redação da Tribuna
Os mortos importam e os números nos dão quadro gigantesco, mais de 340 mil pessoas perderam a vida em razão da pandemia. Os vivos importam mais ainda, porque não conseguem trabalhar e manter a sobrevivência econômica. Os programas de auxílio emergencial, do governo federal e de estados e municípios, minoram o problema, mas estão longe de socorrer aqueles sem condições de gerar renda.
Não estamos numa crise fiscal fruto de desequilibro financeiro, nem numa recessão. É a economia que está quase parando, principalmente no setor de serviços, o que inclui a atividade turística, o comércio e a zona de diversão e arte.
Louvável que se faça manifesto, abaixo-assinado, para demover Jair de que vacina é um bem e não um acessório. Contudo, mas louvável é enfrentar a pandemia de forma ampla e levando em consideração alentada parcela dos brasileiros a viver na rua, fonte do sustento; o que é incompatível com o isolamento social, necessário.
Da arrecadação tributária, conforme o pacto federativo, descrito nos artigos de 145 a 162 da Constituição, a União fica com quase 70% das receitas, cabendo a estados e municípios os outros 30%, sendo que os municípios ficam com uma parcela menor.
Portanto, o planejamento de socorro aos trabalhadores e subtrabalhadores à míngua deve ser efetivado em termo amplo e nacional, sem qualquer restrição, mesmo porque os deputados orçaram na peça de ficção do orçamento de 2021 a quantia de R$26,6 bilhões de emendas.
Quando houve a crise do sistema bancário brasileiro, em 1990, o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional, Proer, destinou aos bancos volumosa quantia, cuja dívida se acumula há mais de 30 anos. Só o extinto Banco Nacional tem um saldo devedor de R$ 20,659 bilhões. O Banco Econômico deve R$ 7,35 bilhões e o Crefisual, outros R$ 26 milhões. Esses dados colhidos pelo deputado Gustavo Fruet, em resposta a um pedido de informação apresentado ao Banco Central, em 2019, não sofreram correção desde 2012.
Quando da crise do sub prime (financiamentos imobiliários que se tornaram lixo), o governo dos Estados Unidos deixou de lado a cartilha do mercado livre e interveio com 800 bilhões de dólares em várias instituições financeiras, especialmente na Fannie Mae, na Freddie e no Lehman Brothers Holdings Inc.
Ou seja, o dinheiro só aparece quando a causa é “justa e sistêmica”. Populações estão fora desse cálculo, mas no caso da pandemia, tanto a produção oficial, como a marginal se esfarelam e abraçam aqueles bem visíveis que habitam a população, um conceito abstrato. Só em São Paulo, 27 hotéis suspenderam as atividade, e aqui na Bahia o setor está à beira de um ataque de nervos.