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Marcio Salgado lança o “Livro dos Cegos”, na LDM, no Shopping Paseo

Gerson Brasil

O romance Livro dos Cegos (Caravana, 2024), do escritor baiano Marcio Salgado, será lançado na Livraria LDM do Shopping Paseo Itaigara, em Salvador, na sexta-feira, 10, às 17h30.

O Livro dos Cegos narra a busca de Antônio Brás por sua mãe, supostamente desaparecida, durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). É lugar-comum entre historiadores, jornalistas, e demais pesquisadores, denominar esse período como os anos de chumbo.      

Essa busca muda, radicalmente, quando o narrador encontra o Livro dos Cegos, transformando os fatos reais que os envolvem numa grande fabulação.  O personagem cego do livro é, justamente, aquele que vê com a alma.

A partir desse encontro, a busca do narrador-personagem e a história contada no Livro dos Cegos se entrelaçam. Então, comprova-se que a verdade tem muitas moradas, a sua revelação pode surpreender, e não é tão certa como se espera.

O autor narra a história a partir das anotações de um deficiente visual, numa escrita não convencional, o braille. Ele perde a visão na infância, e se encontra diante de “ferrenhas disputas entre a aceitação e a revolta.” É um ser inquieto, que ultrapassa, com grande esforço, as barreiras reais e psíquicas. “Era preciso encontrar luz em algum lugar, e ela estava dentro dele mesmo, isso só veio a descobrir com o tempo.” A metáfora da cegueira perfaz toda a narrativa.

O escritor observa que no decorrer do romance “surgem episódios que fazem parte da história do país, são de domínio público, alguns os têm na memória, porque viveram nessa época, outros, apenas leram nos livros, assistiram a documentários, ouviram falar, mas encontram-se igualmente informados. Porém, aqui, trata-se de um romance, não de um livro-reportagem ou de um compêndio de história, os episódios são narrados de uma forma muito particular, de modo que a realidade dos fatos não se sobrepõe à proposta estética do romance.”

Enigmático desde o título, o Livro dos Cegos investiga os temas que se apresentam utilizando-se de uma linguagem poética e inventiva. Afirma o narrador: “Preciso de uma candeia que ilumine a minha vergonha, que é a de todos os humanos, na indiferença a que se apegam para viver entre os seus iguais.”

O autor observa que “o estranhamento que suas páginas produzem é próprio das obras literárias que honram esta classificação, aquelas criações que mexem com a sensibilidade do leitor, e o convidam a crer no mundo ali apresentado, ainda que seja absurdo.”

Temas como a repressão política de uma época e as lutas pelas liberdades individuais, bem como a cegueira, em seu aspecto real ou subjetivo – como imposição de uma deficiência fisiológica, ou como dificuldade do indivíduo em ver o outro – perpassam as páginas deste livro, sem esquecer do prazer que a leitura de uma obra de ficção deve proporcionar.

Dados do autor

Marcio Salgado é jornalista e escritor, com mestrado e doutorado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). As suas pesquisas, desenvolvidas durante os anos 1990, analisam aspectos da modernidade e da pós-modernidade literária e cultural.

No Rio de Janeiro, trabalhou no Jornal do Brasil, e em outras mídias impressas e digitais. Dirigiu, com Gilson Nazareth, a revista online João do Rio, que resgata a memória deste autor e a cultura da sua época, a chamada Belle Époque, movimento que surgiu em fins do século XIX e começo do século XX, na Europa, e em outras partes do mundo, com repercussões no Brasil.

Marcio Salgado nasceu em Monte Santo, Bahia, estudou Jornalismo, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), começou a sua vida profissional em jornais de Salvador, antes de se mudar para o Rio de Janeiro, onde vive.

O autor tem vários livros publicados, entre outros, os romances O filósofo do deserto (2017) e este Livro dos cegos (Caravana Editorial, 2024).

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