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Dia do Amigo x pandemia: relações de amizade despertam emoções positivas e favorecem a saúde

Na pandemia, a importância da relação com amigos ganhou ainda mais destaque e exigiu medidas alternativas para manutenção dos benefícios trazidos pelos vínculos afetivos

Requisitados para boas horas de conversa, risada solta e comilança, pra ajudar a desenrolar aquele pepino que parece sem solução, emprestar a grana que tira do sufoco, comemorar uma boa notícia ou ser ombro e orelha pro desabafo. Sim, os amigos têm essas e outras indicações e, neste dia dedicado a eles – 20 de julho – vale lembrar que essa presença vai muito além de horas de prazer e favorece a saúde mental e física. Em tempos de pandemia, o distanciamento social acentuou a falta que fazem os amigos e exigiu estratégias alternativas para manutenção desse vínculo que faz tão bem.

Estudos desenvolvidos em vários países mostram que a relação com amigos desperta emoções positivas, aumenta a felicidade, reduz o estresse, melhora a autoconfiança, eleva a autoestima e até nos incentiva a evitar hábitos prejudiciais, como comer e beber em excesso, fumar ou não praticar exercícios físicos. Tudo isso faz com que o corpo fique mais protegido contra certas doenças, como depressão, ansiedade, síndrome do pânico e hipertensão. Nesse contexto, lidar com as restrições impostas pela pandemia tem sido um desafio e tanto, inclusive para gestores das unidades de saúde.

“A literatura científica vem se debruçando, cada dia mais, no estudo dos fatores de proteção, dentre os quais o suporte social tem significativo destaque. Diversas pesquisas corroboram esta assertiva ao apontarem associação positiva com a redução dos sintomas ansiosos e depressivos, minimização dos níveis de estresse, melhoria da qualidade de vida, menor prevalência de ideação suicida, redução da mortalidade, melhor longevidade dos idosos, entre outros”, explica a psicóloga assistencial do Hospital Cárdio Pulmonar, Gabriela Rêgo, mestre e doutoranda em Medicina e Saúde (Ufba).

Relações diante da Covid-19

Em tempos de pandemia da Covid-19, as conexões com os amigos, sobretudo as virtuais pela exigência do momento, ajudaram muitas pessoas a encarar o adoecimento ou enfrentar a perda de entes queridos. A psicóloga Gabriela Rêgo pontua que, considerando nossa cultura tradicionalmente reassegurada na experiência humana, a suspensão de visitas presenciais instaurada pelo imperativo sanitário atrelado à Covid-19 se tornou um dos principais desafios no manejo intra-hospitalar.

Esta pandemia, como destaca a psicóloga que atua nas UTIs Covid e cirúrgica, descortina diversos cenários de vulnerabilidade, com característica potencialmente traumática, o que ensejou planos de contingência dinâmicos e alternativas modalidades de cuidado.

“A telepsicologia, as visitas virtuais, o prontuário afetivo, as videoconferências com a equipe assistencial foram algumas das estratégias que adentraram o cenário hospitalar para preservar os laços e presentificar os afetos como fator incontestável de proteção psíquica. São os rearranjos afetivos, em suas diversas formas, que sustentam os espaços simbólicos e resgate da subjetividade, ancorando recursos de enfrentamento e fornecendo contorno ao atual desolamento. São tempos de novos possíveis!”, avalia Gabriela Rêgo, que é a pesquisadora responsável pelo projeto do HCP de avaliação da experiência familiar frente às estratégias intra-hospitalares adotadas na pandemia.

Coração e mente

Nesse rol de benefícios proporcionados pela amizade, não é à toa que se fala em “amigos do peito”. Estudo da Universidade Columbia mostra que pessoas alegres, entusiasmadas, satisfeitas e com bom relacionamento social têm menores chances de serem depressivas e apresentam um risco 22% menor de ter infarto ou desenvolver doenças cardíacas.

Laços de amizade sólidos também mantêm a saúde mental no processo de envelhecimento, conforme aponta estudo concluído em 2010 por pesquisadores de Harvard, nos Estados Unidos.  Em 2006, quase três mil enfermeiras com câncer de mama participaram de um estudo, que mostrou o poder da proteção a partir da amizade. Mulheres sem amigos próximos tinham quatro vezes mais chances de morrer da doença do que as que possuíam 10 ou mais amigos.

Pesquisa realizada por britânicos, na Universidade de Brighton, no Reino Unido, e divulgada este ano, registrou que ter um amigo próximo aumenta as reações positivas diante de adversidades. O levantamento envolveu 75 participantes e avaliou a relação da amizade com a resiliência psicológica, comportamentos de enfrentamento e autoestima.

Desenvolvido na Austrália durante dez anos pelo Centro de Estudos do Envelhecimento da Universidade Flinders, em Adelaide, com mais de 1,5 mil idosos acima de 70 anos, um levantamento mostrou que os que tinham mais amigos e contatos sociais apresentaram uma longevidade 22% maior. O mesmo estudo revelou que o impacto da amizade na longevidade era maior que o gerado pelas relações com filhos e outros familiares.

Outras análises apontam que pessoas com menos amigos são duas vezes mais propensas a gripes e resfriados, reforçando que as conexões com amigos aumentam a resposta imunológica.

Foto: Divulgação

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