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Pandemia provoca aumento de 20% na mortalidade por tuberculose

Abandono do tratamento, retardo no diagnóstico e redução de acesso a unidades de saúde estão entre as causas

Estudos do Imperial College London sinalizam um aumento de 20% na mortalidade por tuberculose em todo o mundo como consequência da pandemia da Covid-19. Por isso, este ano, o Dia Internacional de Combate à Tuberculose, 24 de março, serve de alerta para mitigar o impacto negativo da pandemia no controle da doença.

“Desde início de 2020, estamos vivenciando o maior desafio de saúde pública mundial em cem anos. Nesse contexto, há uma grande preocupação da OMS quanto ao impacto negativo da pandemia no controle da tuberculose em todo o mundo, especialmente em países como o Brasil, com alta carga da doença”, destaca a pneumologista do Hospital Cárdio Pulmonar, Eliana Matos.

A médica destaca que, além da expectativa do aumento do número de mortes por tuberculose, outros desfechos desfavoráveis da doença são esperados, como o incremento da proporção de abandono de tratamento. Esse aspecto, que deverá ter um impacto negativo expressivo no cenário de controle, ocorre em decorrência da descontinuidade do atendimento por parte dos serviços de saúde ou por medo do paciente em ser contaminado pelo novo coronavírus ao comparecer às consultas regulares de acompanhamento.

“Outro aspecto a se considerar é o retardo no diagnóstico de tuberculose durante a pandemia, com estimativas de redução de 40% de realização de exames. Esse atraso pode ser creditado a vários fatores, como a redução de oferta de unidades de saúde para identificar casos de tuberculose em consequência do deslocamento de profissionais para a área de atenção à Covid-19”, pontua Eliana Matos.

A pneumologista destaca que há muitas semelhanças entre a Covid-19 e a tuberculose, além da transmissão respiratória de seus agentes etiológicos, vírus Sars-Cov2 e Mycobacterium tuberculosis. “Outra similaridade a ser destacada é o quadro clínico, com sintomas comuns como febre e tosse, que podem confundir o diagnóstico entre as duas doenças”, afirma a médica.

“Por essa razão, alguns pacientes procuram as unidades de emergência, os denominados “gripários” ou Unidades de Prontos Atendimento (UPAs) com sintomas de tosse e febre e, durante a investigação, o caso é identificado como tuberculose”, explica a pneumologista.

Doença

Embora seja uma doença prevenível e curável, a tuberculose acomete 10 milhões de pessoas em todo o mundo e é responsável por 1,4 milhão de mortes a cada ano, segundo a Organização Mundial de Saúde. Com expectativa de mudar esse cenário, a OMS defende e incentiva o desenvolvimento de estratégias que permitam alcançar a meta de fim da tuberculose como problema de saúde pública em 2035.

O Brasil notifica cerca de 73 mil novos casos da doença a cada ano, registrando, anualmente, uma média de 4.500 óbitos. Nesse contexto, está incluído entre os 30 países com maior carga de tuberculose no mundo.

A OMS comemora o Dia Mundial de Combate à Tuberculose com o objetivo de conscientizar a população sobre essa doença que constitui um grave problema de saúde pública em todo o mundo. A data marca o dia, em 1982, que o Dr. Robert Koch anunciou a descoberta da bactéria que causa a tuberculose, o que abriu caminho para o diagnóstico e cura da doença.

Foto: Divulgação

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