Censo já ouviu 60% das baianas de acarajé em Salvador para treinamento e receber kits
A pesquisa-base para o desenvolvimento do censo das baianas de acarajé, mingau, receptivo e similares em Salvador já ouviu uma média de 60% do total previsto para a conclusão do levantamento. A ação em campo teve início no último dia 2 e reúne 22 pesquisadores atuando nos bairros e na orla.
O censo é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo em Salvador (Prodetur). O prazo para a conclusão é de até 45 dias e, a partir de então, todas as baianas serão treinadas e receberão kits padronizados para a melhoria da venda dos acarajés.
A pesquisa tem o objetivo de identificar e mapear as baianas de Salvador e das ilhas, valorizando essas profissionais cujo ofício é reconhecido como patrimônio imaterial do Brasil desde 2005. Também estão sendo levantadas as dificuldades e necessidades das baianas a fim de melhorar os pontos de venda nas ruas, garantindo mais ganhos financeiros e contribuindo para a melhoria do turismo na capital.
São aplicados questionários para um público estimado de mil baianas, com georreferenciamento e gravação dos áudios das entrevistas, com perguntas sobre cor, gênero, raça, renda, situação familiar, tabuleiro, vestimentas e ambiente de trabalho, entre outras.
Treinamento — Segundo a coordenadora geral de pesquisa, Raquel Campos, as baianas têm sido muito receptivas e a Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos e Similares da Bahia (Abam) tem ajudado bastante com o repasse de informações e indicações.
“Tem sido muito gratificante para nós fazermos o censo das baianas de acarajé, que é esse patrimônio imaterial da Bahia e do país inteiro, conhecido internacionalmente. As baianas têm um papel muito importante nas famílias e na sociedade e vêm dessa história, desse início das mulheres que vão sendo alforriadas e passam a sustentar as famílias. Então, estamos muito contentes e a receptividade delas tem sido maravilhosa”, conta Raquel Campos.
Para a presidente da Abam, Rita Santos, o censo representa a concretização de um desejo antigo. “Desde 2006 eu luto pela atualização desse censo. É uma pesquisa importante para sabermos de fato quantas baianas existem na cidade. Quando eu vou a Brasília para reivindicar as políticas públicas, eu cito Salvador como parâmetro e eu preciso dessa informação para as reivindicações. Essa contagem e posterior licenciamento vão facilitar, inclusive, o cadastramento das baianas para recebimento de benefícios”, afirma.
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