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À jovem Aldravia

Neste 17 de setembro de 2020, comemora-se o nascimento da Aldravia; esta jovem e libertária poesia que completa 10 anos, trazendo uma novíssima “proposição poética sem as fórmulas complexas da poesia tradicional, travada de figuras de linguagem e de inversões sintáticas.”. (Andreia Donadon Leal; In; Dissertação de Mestrado: Aldravismo: Movimento literário do Século XXI).

Esta formosa menina foi concebida pelo Movimento de Arte Aldravista, iniciado na cidade de Mariana /MG, no ano de 2000 por um grupo de escritores, artistas e poetas que fundaram a entidade cultural denominada Aldrava Artes e Letras e passaram a publicar o Jornal Aldrava Cultural.

Entre os fundadores do Movimento, destacam-se os escritores/poetas: J.B Donadon Leal, Lázaro Francisco da Silva, J. S. Ferreira, Geraldo Magela Reis, Luiz Tyller Pirolla, Arley Camilo, o artista plástico Elias Layon e a veneranda literata Hebe Rôla, capitaneados pelo ilustre poeta Gabriel Bicalho.

Pouco tempo depois, juntou-se ao grupo a proativa e dinâmica artista plástica e escritora Andreia Donadon Leal.

Foi neste ambiente de criatividade efervescente que a bela Aldravia foi fecundada para nascer aos dezessete dias de setembro, do ano de 2010, às portas da primavera e chegar aos 10 anos de existência com o encanto e a vitalidade, adornada e nutrida por uma plêiade de poetas, escritores e artistas do Brasil e do mundo. Todos seduzidos pela simplicidade.

Coube ao poeta Gabriel Bicalho a tarefa de moldá-la com a singela beleza poética formada por apenas seis palavras, ou melhor, seis versos univocabulares. Uma forma desatrelada das rígidas regras literárias e do “elitismo acadêmico” da poesia convencional. O propósito foi concebê-la de maneira que tornasse fácil e acessível a arte de comunicar-se com toda e qualquer pessoa que viesse a ter o prazer de conhecê-la.

Foi a Andreia Donadon Leal quem, a exemplo de todas as mães, inspirada na palavra aldrava, acrescida do sufixo “via”, criou o neologismo para batizá-la com o nome de Aldravia.

A aldrava é uma peça metálica, geralmente de bronze, trabalhada em formato de argola ou mão, que era presa às portas das residências até o início do século XX, com a função de servir de batedor para chamar a atenção de quem se encontrasse no interior das casas. Era a antiga campainha.

Portanto, a bem denominada Aldra+via, traz em si o sentido de ser um estilo poético que, por sua forma simples, desperta e convida os indivíduos, mesmo aqueles que nunca tiveram contato com a literatura, a caminharem juntos no mundo da poesia. Uma arte que abre as portas para o ingresso no universo literário.

A Aldravia representa a mais minimalista dentre todas as formas poéticas até então conhecidas, sejam elas a de origem japonesa: Tanka (séc VII) e Haikai (séc. XVI/XVII) ou a brasileira Poetrix (1999).

A poesia não é uma frase em pé. E para tanto, além das seis palavras-versos, possui as seguintes regras descritas em seu sintético ABC das Aldravias :

1- Utilizar apenas letras minúsculas. É facultativo o uso de letras maiúsculas nos nomes próprios;

2- Não é recomendável o uso de pontuação, pois a divisão em palavras-versos já configura pausa, deixando  a critério do leitor o sentido que deseja dar;

3- Pontuações de interrogação ou exclamação podem ser utilizadas, desde que a sintaxe não denuncie a proposição do autor;

4- Os nomes próprios ou duplos, com ou sem ligações por hífen são considerados como um único vocábulo;

5- Nomes e formas pronominais ligados por hífen podem ser considerados vocábulos únicos;

6- Privilegiar as metonímias e evitar as metáforas.

A Aldravia, por suas regras, tem como premissa sugerir mais do que tentar escrever todo o conteúdo. A incompletude estimula o leitor a extrair do poema as mais variadas interpretações ou significações. É o legado do poeta americano Ezra Pound: “O máximo de poesia no mínimo de palavras.”.

Nesse vigésimo ano de existência do Movimento de Arte Aldravista e décimo ano de criação da Aldravia, será lançada pela Editora Aldrava Letras e Artes, a VIII antologia, intitulada “Libertas Loquendi” que traduzida do latim significa, (“Liberdade de Expressão”), Em tempo de pandemia, diferentemente do que acontece em todas as primaveras, oportunidade em que os poetas aldravistas dos mais diversos rincões do Brasil e de outros países se congraçam na cidade de Mariana, o lançamento acontecerá de forma virtual.

Parabéns aos criadores, a todos os poetas aldravianistas/aldravistas e aos leitores admiradores deste sedutor estilo poético.

Apresento-lhes, a jovem e neo-pós-moderna poesia minimalista brasileira:

“atração

corpos

toque

ritmado

ato

consumado”

Denise Izaguirre

“sino

da

agonia

mata

chora

ecologia”

Hebe Rôla

“lágrima

divina

ora

brilha

ora

mistério”

Andreia Donadon Leal

“ilógico

abuso

ecológico

:devastação

do

mundo”

Gabriel Bicalho

“diá-logo

sopra

madrugada

radiosa

inspiração

luz(i)dia”

J.B. Donadon Leal

“eu

sol

lua

solto

no

espaço”

J. S. Ferreira

“último

anelo

iluminar-me

com

ipê

amarelo

Dóris Araújo

“dourado

sol

silencia

sino

ipê

divino”

Jair Araújo

Jair Araújo – Escritor

Membro Correspondente da ALACIB – Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil, Mariana/MG.

Membro efetivo da SBPA – Sociedade Brasileira de Poetas Aldravianistas.

jairaraujo@globo.com

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