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Entre a “miséra” e a “disgrama”

Jolivaldo Freitas

A extrema-direita ficou ressabiada e a extrema-esquerda ficou aliviada quando o ministro do STF, Edson Facchin decidiu que estava tudo errado em Curitiba, que os juízes não podiam ter julgado tudo de uma só vez e na mesma esfera o caso do ex-presidente Lula. A questão é que nem a esquerda e nem a direita entendeu direito o que estava se passando na cabeça do ministro do Supremo. Na realidade em momento algum ele estava inocentando Lula das suas digamos, peraltices – que são tantas e que lembro por cima envolve o caso do triplex do Guarujá, a questão do sítio de Atibaia, aquele negócio lá da Petrobrás, mais aquele do BNDES e tem outros, a exemplo de… deixa para lá.

A verdade é que Facchin considera que tem de fatiar o caso Lula e dar para juízes com competência em cada área, não por Lula ser inocente, mas porque a questão é mais ampla do que se imagina. Envolve diversos órgãos públicos, não apenas a Petrobrás. Claro. Além das digamos, peraltices do ex-presidente com as grandes empreiteiras e até com operadoras de telefonia, tem também o uso da máquina pública para beneficiar o outro menino, mas aí é distinto caso e se trata de um pai querendo o melhor para o filho. Todo pai quer que o filho se dê bem, veja a família Bolsonaro. Bolsonaro que ficou bem de vida atuando como deputado de baixo clero. Seus meninos descobrindo a pedra filosofal e transformando chocolate em ouro. O menino de Lula – um verdadeiro Ronaldo nos investimentos – descobrindo o fermento que aumenta a massa monetária em proporções mais que geométricas, digamos, metafísica, quântica.

Pois até agora a esquerda comemora, inclusive no onanismo perpétuo, o que consideram “Efeito Lula” sobre Bolsonaro, o que parece, aí, sim, até quem sabe verdadeiro, senão vejamos: Bolsonaro estava jogando solto com relação ao seu intento de ganhar as próximas eleições, tendo no seu calcanhar apenas o governador João Dória, que mostrou força ao insistir na vacina do Butantan – coisa que Bolsonaro rejeitava por ter insumo da China. O presidente que é doidão – outros dizem que é somente tosco – não estava nem aí para uso de máscara, distanciamento social, correr atrás de vacina vez que as pesquisas o colocavam em situação confortável.

Bastou a possibilidade de Lula vir a ser beneficiado pela prescrição das penas imputadas pelo juiz Sérgio Moro e outros, por casas do conjunto da obra, digamos, das peraltices, para Bolsonaro adotasse uma postura totalmente diferente do que vinha mostrando. Aparecendo de máscaras, distanciando, correndo como louco atrás da vacina, com o governo até mesmo se humilhando e implorando aos “inimigos” chineses um adjutório, e pasme, tratando de mudar, dar um chute na bunda do pobre do general Pazuello que era considerado grande estrategista do Exército e que saiu mais enxovalhado que fralda dormida. Mandou sua biografia para o lamaçal. Vai entrar na história como incompetente e ainda pode ter de fazer vaquinha para pagar o que jogou no ralo. É o que dá andar em má companhia. A situação no Brasil é tão e cada vez mais bizarra, que alguém perguntou durante um debate via Zoom o que eu achava desse momento político com a chegada em cena de Lula, e eu que sou ateu disse chofre, sem nem raciocinar muito e já falando como o povo gosta: “entre uma miséra e uma disgrama prefiro acreditar em Deus”. Falar a verdade, são “estupor do cabrunco”. Não valem um urinol furado.

Escritor e jornalista. Email: Jolivaldo.freitas@yahoo.com.br

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