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Pandemia reduz em quase 70% cirurgias de hérnias abdominais

Com o avanço da vacinação e retomada das cirurgias eletivas, número de procedimentos deve aumentar muito devido à demanda reprimida

A suspensão de cirurgias eletivas e a sobrecarga do sistema de saúde provocada pela Covid-19 foram responsáveis pela redução de 69% do número de cirurgias para tratamento de hérnias abdominais. Entre 2020 e 2021, cerca de 119,3 mil procedimentos cirúrgicos desse tipo foram realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo 36,4 mil em caráter de urgência, considerando todos os tipos de hérnias abdominais. Em 2019, o número total desse tipo de cirurgia pelo SUS chegou a 387,3 mil, sendo 45 mil urgências. A doença pode levar à morte caso não seja tratada de forma adequada. Estima-se que sejam realizadas aproximadamente 600 mil operações para reparos de hérnias abdominais por ano no Brasil, fora de época de pandemia, levando em consideração os sistemas público e privado de saúde.

Como a escassez de leitos e até de medicamentos para sedação causados pela pandemia levaram à suspensão de muitas  cirurgias para garantir atendimento aos afetados pelo novo coronavírus, o que se espera daqui para frente é um aumento exponencial desse tipo de procedimento, justificado por uma demanda reprimida. “Com o avanço da vacinação e a retomada das cirurgias eletivas, o acesso ao tratamento adequado em menor tempo tende a se normalizar, mas tivemos prejuízos grandes no que diz respeito ao diagnóstico. Muitas pessoas sofrendo com as hérnias sem saber a causa da dor e sem acesso ao tratamento, infelizmente”, lamentou o cirurgião geral e bariátrico, Creilson Almeida de Campos.

Segundo o especialista, integrante do Robótica Bahia – Assistência Multidisciplinar em Cirurgia, procedimentos cirúrgicos para tratamento de hérnia abdominal caracterizam urgência em caso de estrangulamento de parte do intestino. “Essa ocorrência compromete o fluxo sanguíneo e pode levar à isquemia e gangrena. O paciente apresenta dor intensa e a cirurgia deve ser realizada o mais breve possível”, explicou. O encarceramento é outra complicação das hérnias abdominais. Acontece quando a ‘bolinha da hérnia’ não desaparece espontaneamente e não pode ser reduzida mesmo após manipulação. “Apesar de provocar dor, esse abaulamento não configura necessariamente uma emergência. Se houver encarceramento associado à obstrução do intestino, aí sim a cirurgia de emergência está indicada”, completou o médico que atende em hospitais da rede pública e privada em Salvador.

Doença  – A hérnia é um defeito ou um orifício nos músculos do abdome que permite que o intestino ou uma porção de gordura passe através dele. Ainda que hérnias possam ocorrer em muitos lugares no corpo, elas são mais comuns na parede abdominal e podem ocorrer em qualquer idade, mas atingem principalmente os adultos. Como trata-se de uma abertura na musculatura, o tratamento é exclusivamente cirúrgico, com exceção da hérnia de hiato que pode ser tratada com medicamentos.

Atualmente, as hérnias representam a cirurgia mais frequentemente realizada por cirurgiões gerais. Elas ocorrem principalmente na virilha (hérnia inguinal), no umbigo (hérnia umbilical) e no local onde foi realizada previamente uma cirurgia (hérnia incisional), mas existem também hérnias epigástricas (acima do umbigo), femural (situado na base na coxa) e spiegel (hérnias raras da parede abdominal localizadas abaixo do umbigo).

As hérnias nem sempre dão sinais, principalmente quando são pequenas. No entanto, quando começam a escapar pelos orifícios do abdômen, podem ser reconhecidas com abaulamentos na região ou por causarem muitas dores. Essas costumam ser piores durante esforços físicos, como levantar objetos pesados ou ficar durante muito tempo em pé, ou quando a parede do abdômen é contraída rapidamente durante o esforço para evacuar ou tossir. Náuseas e vômitos podem ocorrer em alguns casos. Geralmente, a doença é diagnosticada pelo médico em simples avaliações clínicas, mas às vezes podem ser necessários exames de imagens.

Tratamento – As cirurgias para tratar a hérnia podem ser abertas ou minimamente invasivas (laparoscópicas ou robóticas). Ambos os procedimentos são realizados por meio de um pequeno corte sob anestesia local ou peridural. A hérnia é empurrada para dentro do abdômen e o orifício é fechado com uma tela, feita de material resistente e próprio para essa correção. A recuperação pós-operatória da hérnia costuma ser rápida. Geralmente no mesmo dia ou no dia seguinte o paciente recebe alta hospitalar, mas deve seguir algumas orientações médicas, como não fazer esforço físico por 10 dias.

Nos últimos anos, benefícios como menor tempo de recuperação e menos dor no pós-operatório transformaram a cirurgia robótica em padrão-ouro no reparo de hérnias da parede abdominal. Além da tecnologia melhorar a destreza e a ergonomia do cirurgião, o fechamento do defeito herniado apresenta melhores resultados na cirurgia robótica, fato que reduz a chance de recidiva (retorno) da hérnia. “A reconstrução da parede abdominal proporcionada a partir de uma cirurgia assistida por robô é facilitada pela precisão sem tremor da tecnologia robótica, que favorece a execução de reparos mais desafiadores e diminui o risco de complicações relacionadas à tela, como aderências”, destacou o cirurgião geral robótico, Creilson de Campos.

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